segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Eu Vou Lembrar de Você em Paris

Titia vivia sonhando em passar sua lua de mel em Paris. Não Passou de sonho a lua e a viagem. Também pudera, seu humor variava de acordo com as horas. Eu teria, de fato, uma noite de núpcias autêntica, com direito a champanha e ser carregada nos braços para o quarto. Não era em Paris, nem tão menos em Viena, mas teria a lua de mel que titia nunca teve. Não levarei meus gatos. Irei sozinha. Curtirei meu casamento ao máximo. Uma noite estava sentada na varanda com meu noivo do lado, recebendo a brisa da praia, quando titia nos perguntou onde iríamos passar a lua de mel. Grosseiramente respondi, na terra do nunca ou no país das maravilhas. Ela percebeu o quanto sua pergunta nos ofendeu. Ressentida, ofereceu de presente de casamento, uma viagem com tudo pago a Paris. Eu quis recusar, mas meu noivo não deixou fazer essa desfeita com a minha madrinha de casamento. O dia da cerimônia chegou, todos os convidados compareceram, com exceção da titia. Minha ira só aumentou para com ela. Eu me vingaria. Ofereci a posição de madrinha em retribuição ao presente. Dada as bençãos pelo padre, fomos direto para o aeroporto. Na sala de espera jurei para mim mesmo que não lembraria dela em instante algum. Chegamos ao hotel, subimos direto para o quarto reservado para nós. Abateu-me um arrependimento que não tive ânimo para sair naquele resto de dia. A fisionomia da velha não me liberava o pensamento. Fazia esforço para esquecê-la. Inútil. Sua presença no quarto era cada vez mais marcante. Ela vivia em mim o desejo de passar a lua de mel em Paris. Passei a semana inteira trancada no quarto. Rezava para o dia da partida não demorar. Mas chegou o dia do retorno. Sua voz resistia em me acompanhar naquele tchau, dê lembranças ao nosso povo. Meu irmão me esperava na área de desembarque. Admirou-se por me encontrar solitária. Minha expressão denunciava o acontecido. Não perguntou por titia, nem por meu ex-noivo. Sem mim, a velha teria sua tão sonhada lua de mel.