domingo, 24 de julho de 2011

O retorno da tribo Guerreiro Solitário.



Olá caros amigos, depois de muitos dias sem escrever, venço a nostalgia dos dias vazios e retorno ao computador.
Espero encontrá-los com a voracidade de uma fera a espreita de sua cobaia.
Até logo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Eu Vou Lembrar de Você em Paris

Titia vivia sonhando em passar sua lua de mel em Paris. Não Passou de sonho a lua e a viagem. Também pudera, seu humor variava de acordo com as horas. Eu teria, de fato, uma noite de núpcias autêntica, com direito a champanha e ser carregada nos braços para o quarto. Não era em Paris, nem tão menos em Viena, mas teria a lua de mel que titia nunca teve. Não levarei meus gatos. Irei sozinha. Curtirei meu casamento ao máximo. Uma noite estava sentada na varanda com meu noivo do lado, recebendo a brisa da praia, quando titia nos perguntou onde iríamos passar a lua de mel. Grosseiramente respondi, na terra do nunca ou no país das maravilhas. Ela percebeu o quanto sua pergunta nos ofendeu. Ressentida, ofereceu de presente de casamento, uma viagem com tudo pago a Paris. Eu quis recusar, mas meu noivo não deixou fazer essa desfeita com a minha madrinha de casamento. O dia da cerimônia chegou, todos os convidados compareceram, com exceção da titia. Minha ira só aumentou para com ela. Eu me vingaria. Ofereci a posição de madrinha em retribuição ao presente. Dada as bençãos pelo padre, fomos direto para o aeroporto. Na sala de espera jurei para mim mesmo que não lembraria dela em instante algum. Chegamos ao hotel, subimos direto para o quarto reservado para nós. Abateu-me um arrependimento que não tive ânimo para sair naquele resto de dia. A fisionomia da velha não me liberava o pensamento. Fazia esforço para esquecê-la. Inútil. Sua presença no quarto era cada vez mais marcante. Ela vivia em mim o desejo de passar a lua de mel em Paris. Passei a semana inteira trancada no quarto. Rezava para o dia da partida não demorar. Mas chegou o dia do retorno. Sua voz resistia em me acompanhar naquele tchau, dê lembranças ao nosso povo. Meu irmão me esperava na área de desembarque. Admirou-se por me encontrar solitária. Minha expressão denunciava o acontecido. Não perguntou por titia, nem por meu ex-noivo. Sem mim, a velha teria sua tão sonhada lua de mel.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Português x Matemática

Escolhi a profissão errada. Grande erro, e por conta deste desvio penarei a vida inteira sofrendo as dores do árduo ofício da docência. Não que esta seja indigna ou sem valor. É que há coisas na vida que não precisam serem ensinadas, como o português e a matemática. Bem, pode parecer exagero essa afirmação, mas escute essa narração, e veja quando terminar se não estou totalmante certo

Vamos ao caso do português. A língua não precisa ser normatizada para ser utilizada, nem mesmo ser ensinada como um conjunto de regras a serem seguidas para se comunicar. Visto que desde o nascimento temos contato com a língua, estabelecendo nossos pais como profissionais da fala. Inativamente iniciamos nosso discurso com as frases: gugu, dadá, bilu bilu. Construções simples que os adultos tanto insistem. Aos dois anos de idade, a criança já consegue exprimir por meio da fala o que sente e o que querem. Ou seja, a comunicação já é estabelecida, mesmo não frequentanto os bancos das escolas. Portanto nossos pais, de hoje em diante serão nosos professores da língua mãe.

Pois bem, resta o caso da matemática. As crianças de hoje, estão cada vez mais precocemente espertas. Quando criança, lembro que me contentava com míseros dez centavo para a aquisição das balas, o famoso piper, isso conquitado depois de doloroso choro vencia a resistência de mamãe. hoje, a meninada já inicia opedido com uma sédula de dois reais. Que absudo. Grita, esperneia, fazem o escambau para consegui a sonhada fortuna. Vencida a batalha, vão à bodega da esquina, com as prateleiras repletas de bombons, fazem as compras de um real e oitenta centavos, depois plantam-se no balcão a esperar pelo troco. O dono do comércio finge esquecer do garoto, fazendo de conta ocupar-se de outras tarefas. Impaciente, o memino diz: -Fulano, o meu troco. O comerciante fazendo-se de esquecido, pergunta, -Quanto foi mesmo que você me deu? e se convence de que o garoto tinha razão. Aí está a verdadeira lição de matemática. O bodegueiro deveria assumir o legítimo cargo de professor das contas.

Perderei o emprego. Mas fico tranquilo em passar a função para estes competentes profissionais. Amanhã mesmo, irei a uma dessas agências de emprego me candidatar a uma vaga qualquer que esteja ociosa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Banho de bica

Ela vive falando: -Vai tomar banho cascão. Logo ela uma bióloga, que deveria zelar pela preservação dos recursos não renováveis do nosso planeta, como a água. Insisti para eu tomar um banho por dia. Já imaginou todos os habitantes da terra tomando banho ao mesmo tempo, certamente esgotaria as reservas. Então, para garantir a existência da tão preciosa água, eu economizo diminuindo a quantidade de banhos tomados.

Vou lhes confessar, nobres leitores, pois a intimidade já permite: eu só tomo banho quando encontro com ela, por livre espontânia pressão. Um banho por semana já seria o bastante.

Pode paracer exagero, mas avalie minha triste situação: tenho que dá duas viagens com meu jumento, acoplados das ancoretas, para garantir os banhos nossos de cada dia. Penso, Logo Existo, reduzindo o número de banho de dois, para um, meu pé de pano agradeceria.

Tudo bem, por amor se faz loucura. E as que me meto, são tremendas aventuras, ou maluquices. Só vendo para crê que aquele sou eu mesmo. Já nem ligo mais das mangofas que ela faz de mim, na minha frente. Agora divido as risadas de mim mesmo. Ri faz bem, para o caração, para a pela. Também, para alma.

Estou sem inspiração para escrever o que me propus, o amor. É um assunto tão complicado. Pensei que falando dela no início, o final fosse mais fácil. Mas não foi. Ontem escutei uma voz falando assim, no meu ouvido, durante o sono, até parecia uma poesia: As mãos você segura, aprisiona, mas o coração não. Ele é livre para amar. Não escolhe quem ou onde.

Não poderia me occorer um belo texto, um matuto que mal sabe falar, escrever sobre o amor. Vou é parar por aqui e deixar para os espertos fala sobre esse assunto. Mas, quando ela cheger perto de mim, vou lhe proferir uma tremenda declaração de amor, lhe pedi em casamento. Torçam para que ela aceite. Mas, será que serei um bom marido? Só esperimentando para ver.

Até logo.

sábado, 4 de julho de 2009

Despedida

Há horas eu estava naquele banco de praça a esperar. As luzes acenderam anunciando o fim do dia. O ritmo acelerado das pessoas de negócios, dera lugar aos passeantes das horas ociosas. O clima da cidade mudava ao cair da tarde. Eu continuava ali, no mesmo banco, desde a manhã.

A obediência sempre me foi uma virtude. Às vezes nem era preciso falar. Apenas olhar e eu entendia aquele gesto imperativo do senhor do lar, por quem eu mantinha territorial respeito e adimiração.

A mulher que me pôs no mundo, não me queria bem ou como filho. Sabia desde as primeiras horas de vida, quando da renuncia do peito. Fiquei aos cuidados de uma tia velha, irmã de criação de papai. Estes dois eram minha única família naquele sobrado de esquina com a praça.

Cresci sem conhecer os prazeres da infância, como brincar na rua e leviandades típicas de crianças. Pois a mulher que me teve não permitia o sorriso no meu rosto. Um dia papai trouxe da rua uma bola de meia, que tratei imediatamente de escondê-la, usanda-a apenas nas horas livres da velha.

Papai nunca reclamou com ela, por seus modos para comigo. Adoecera logo, passando a depender de seus cuidados para tudo. Tornou-se vítima como eu. Fazia questão de expor a situação de dependência, que nós homens tínhamos.

Minha tia foi embora quando alcancei os três anos, restando eu, papai, a mulher e suas duas filhas fruto do primeiro casamento.

O estado de saúde de papai piorava dia a dia. Ficava fraco, a respiração quase inexistia. Um dia pela tarde ele se foi e me deixou nas maõs da mulhar. Os maus tratos só pioravam e eu não aguentava mais.

Na madrugada que seria um dia de sol, ela acordou e pediu para eu a esperar sentado no banco da praça, que ela e as filhas iam às compras. Mas, pegara o pau-de-arara e seguira para a casa de seus parentes, aos arredores de Baturité, me deixou sem ninguém, no mundo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O sequestro da caneta

Ora pois, nobre Leitor, peço-vos mil desculpas por passar tantos dias sem aparecer por cá. Não é que perdi a graça pelo namoro, também não é por deixar de escrever, esse foi o dom que deus a cada dia aprimora com o seu escopo. Quando souberes do verdadeiro motivo que me levou a distanciar-me do mundo da escrita, certamente mangará comigo. Mas, como já somos íntimos, vou-lhes cotar até os detalhes.

A cidade que escolhi para morar, por ser calma e pacata, já não conserva nenhum desses adjetivos. Tornou-se agitada e insegura por demais. Uma onda de assaltos vem ocorrendo e nada é feito pelas autoridades policiais.

Veja você, nobre leitor, que semana passada roubaram o acento agudo da palavra Quixadá, de uma placa na entrada da cidade, ficando Quixada, os desavisados lendo, queixada. Absurdo. Dias depois, um cego a mendigar pelas ruas deu por falta de sua bengala, foi ao certo roubada. E não pára por aí. Levaram o livro que Raquel de Queiroz segura na praça que leva seu nome. Na certa, um bandido intelectual.

Todos convivem com a sombra do medo. Temendo a qualquer momento ser a bola da vez, a próxima vítima. E não é que fui uma dessas pobres criaturas a serem surpreendidas por esses insensatos.

Pois bem, vamos ao caso. Estava eu a caminhar pelo centro a cidade, despreocupado, pois ainda era meio dia, imaginava que nenhum bandido se atreveria a trabalhar naquelas horas. Pois me enganei. Fui surpreendido por um sujeito mal encarado, portando um palito de picolé com a ponta afiada a me ameaçar. Essa foi o fim. Nas grandes cidades, bandidos usam fuzil AR-15, metralhadoras e o escambau. Aqui é esse atrazo de arma, tive até pena do coitado. Com uma voz rouca, disse:
-Ei preiboy, perdeu. Passa tudo. Vambora. Num demora.

Expliquei que não carregava nada de valioso comigo, apenas uma caneta com a qual escrevia meus textos mal acabados. Sem compaixão ele respondeu:
-Passa malandro. Bota as mão nessa cabeça chata de matuto e deixa eu tirar essa caneta.

Essa foi a maior das ofensas que sofri em toda minha curta vida. Fui chamado de malandro por um marginal. E pior, com que escreveria daqui por diante? Minha caneta foi sequestrada e não tenho dinheiro para o resgate. Estou com a carreira com os dias contados.

Então amigos leitores, fica o pedido: quem tiver uma caneta sobrando, mesmo que seja velha e que de vez em quando falhe, mande para mim, pois esta que usei para escrever esta crônica, pedi emprestada ao budequeiro meu vizinho, que está aos gritos pedindo-a.

Ademais até o próximo. Volto logo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Canindé

Estou a preparar uma viagem, que por sinal será muita longa, duradoura. Levará dias até sua conclusão. E nesta ousada empreitada vou levar quem quiser ir comigo. Mas, vou de imediato advertindo, que não pode desistir durante a viagem, mesmo que ocorra algum problema de saúde. Pois, esta exige muita resistência de quem a enfrentar.

Vou a Canindé, pedi as bençãos a São Francisco de Assis de Canindé, a pé. Tem que ser a pé. Na vida, tudo que ser com sacrifício, senão, não tem o merecido valor. Com o tempo, cai no esquecimento. Então, para comprovar a importância que destinei a esse tal milagre, não contarei qual, vou a pé, mesmo que sozinho vá. Mostrarei como palavra de matuto não quebra.

Convidarei um professor amigo meu, o melhor cronista do mundo, para ir comigo. Sim, chama-lo-ei porque ele tem uma cara de preguiça que só vendo. Seus passos são arrastados e contados. Até para proferir algumas palavras eles senti preguiça. Levarei uma macaca, caso ele durma, soltarei o couro esticado e seco em seus lombo, sem pena.

Para completar a romaria, convidarei um estudioso colega meu, da área da linguística. Este é outro molenga, que vive a dormi pelos corredores. Levarei para ler no caminho vários poetas consagrados, que este último amigo tanto odeia. Valoriza por demais os marginais, esquecendo as contribuiçoes de Machado de assis, Vinicius de Moraes e tantos outros para nossa literatura.

As minha bugigangas já estão prontas. Comprei uma chinela de sola, adaptada para o asfalto. Esta tem que durar toda a viagem. Encomendei ao mesmo artesão um chapéu de couro modelo Lampião. Pedi a uma costureira. vizinha minha para coser uma blusa de tergal, com mangas longas, para proteção contra o sol. A mesma senhora, atendeu a meu pedido e costurou minha calça de chita, com boca de sino. A mala, também está pronta. É um bornal de estopa, resistente e macio.

O destino final da peregrinação é a Basílica de São Francisco. assisterei a missa e voltarei na mesma pisada, na companhia de dois cabra da peste, destemidos e valente.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Explica

Uma poesia para explicar
A dor
A solidão
A falta
O nada
O tudo não merece explicação

Uma poesia para sentir
O coração bater
O suspiro falar
O corpo ranger
A pele suada
A unha cravada

Uma poesia para ver
Você
O dia
A noite
A claridade
o infinito

Uma poesia para escutar
O teu chamado
O pedido de namoro
Tua presença

Uma poesia para explicar
O que não se pode explicar
O que não se pode entender

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Piolhos

Ora, nobre leitor, estou furioso com essa malta urbana, seus hábitos e seus moradores, que inventam a todo instante um troço novo para nos tirar a paciência.

Você é capaz de me dizer onde estão as moedas do nosso país? Não, claro que você não sabe. Faz um século que não a vimos pelos nossos bolsos. A não ser que precisemos dos serviços prestados por moto taxi. Pois, aí está. Elas moram lá, com residência fixa, nos bolsos dos coletes destes leva e traz de passageiros. Eles possuem aos montes.

Minha ira começou quando precisei de uma mísera moeda de cinco centavos para interar o leite do menino, e acredite, não encontrei em parte nenhuma da casa. Fui ao vizinho, pedi-lhe um empréstimo a juros compostos, mas o colega do lado também não tinha. Sem saída, empenhei a cela do jegue ao leiteiro. Agora está sem poltrona, minha poderosa máquina .

Sem meu jumentinho, fui obrigado a recorrer a um moto taxi, e na hora de pagar o rapaz, ele saca do bolso uma sacola de moedas, de todos os valores. Instantaneamente atirei-lhe uma série de desaforos. O coitado sem entender, não respondia nada. Peguei meu troco e fui direto saldar a dívidir com o leiteiro, e resgatar minha cela. Durante o caminho, senti minha cabeça coçar, passei os dedos para aliviar a pertubação. Mas, nada fazia diminuir a agoniação. Cheguei em casa com a cabeça ardendo de tanto esfregar. Implurei para minha esposa ver o que tinha na cabeça. Escutei seu grito alarmante: PIOLHO, PIOLHOS. Nobre leitor, fui contaminado por uma multidão de piolhos famintos, que sugavam meu sangue pouco e fraco, advindo do capacete do desgraçado moto taxi. Aquilo me deu uma raiva. Joguei toda espécie de praga que conhecia no motoqueiro.

Hoje, ao meio dia, escutei do rádio uma notícia que avisava o fim do uso do capacete no perímetro urbano.

Bem que essa medida podia ter acontecido antes de eu ter sido infectado. No mesmo momento fiquei indeciso, quanto a obrigação do uso para transportes de quatro patas. Teria que deixar de usar meu chapéu de couro ao desfilar pelas ruas da cidade com meu lazarino?

Volto a andar a pé, com minha chinela de pneu e pronto. Quero ver quem vai me multar.

Ademais, até logo, e volta já.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Velha Mansão

Tudo estava estático a escuridão dominava cada canto da sala e os demais espaços vazios daquela assombrada casa de passado obscuro. Os moveis tinham aparência destruida e cores sombrias, aumentando ainda mais o aspecto da residência

As pessoas que lá moraram adquiriram com o tempo o mesmo tom sombrio envelhecendo juntamente com o decorrido das horas. Havia um cheiro de defunto pelos corredores, sons misteriosos povoavam o recinto peculiar.

Ela estava bem ali. Sempre estava no mesmo lugar. O escuro caminho de acesso espulsava quaquer aprendiz dedestemido.

Nunca chegara luz. Claridade não combinava com o ambiente. Ela foi construída com a sombra do pesadelo.

Um dia um casal recem-casado chegou para morar na casa. Comprou mesas novas, armário, cortinas, consertou a estalação hidráulica. Mas, não demoraram duas semanas. A mulher morreu de pneumonia e o homem enlouqueceu. Foi o fim da segunda recente família que se atrevia a desafiar os mistérios da casa.

Um mendigo também tentou habitar a velha mansão. Mas, por apenas uma noite. Amanhecera morto, enfartou no meio da matrugada. O curioso era que seu rosto tinha expressão de espanto.

Ninguém sabia ao certo o que aquela casa tinha de desconhecido. Os moradores da pequena vila inventavam estórias de fantasmas dos primeiros donos; outros diziam ser a casa dominada por extra-terrestres. As suposições eram muitas. O fato era que nenhum ser conseguia vencer a casa.

Foi erguida no tempo do segundo reinado. Era uma construção imperosa e rica para a época. Seus primeiros donos eram da casa do Imperador. Todos admiravam a gigante obra. Todo o vilarejo se agitava durante a empreitada. O requinte era soberbo. Detalhes na fachada foi esculpido por artista vindo da França. As portas eram repletas de detalhes entalhados na madeira Pau-Brasil. Sua altura parecia que alcançaria as nuvens.

Mas, com o tempo, o edifício perdeu seu brilho e seu encanto. Restou a escuridão das paredes encardidas e a nostalgia da lembrança.

O passar dos dias corroia pouco a pouco a estrutura, que agora demosntrava sinais de ruínas. O prédio convaslecia, como seus donos convalesceram.

Tempo bom é o que virá. Viajar em pensamentos e viver comos errantes.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A partida

Condição lamentável essa de ser Quase, ainda mais quando depois do quase, vem o adjetivo poeta. Temos que fazer da nossa dor, motivo de inspiração e satisfazer poeticamente quem nos lê. Dá luz aos olhos e a imaginação. fazer voar os sentimentos por entre nuvens de formatos diversos. Ter a obrigação de emocionar casal recém formado em dias dos namorados.

Mas, ainda vou voltar, sei que um dia vou voltar, para meu tranquilo e sereno sertão e assumir novamente minha sina de matuto. Tirar do prego o chapéu de couro e a tardinha ganhar o mato à procura da rés perdida, e voltar já escuro puxando o cabresto, vitorioso e de peito inchado.

O sertão guarda consigo deveras aventuras e hábitos que só ele pode dá à vida prazeres distintos. Só vivendo nesse universo para conhecer tantas proezas juntas. E verás como nada disso é invenção. Quando puder, prometo que levo todos os meus leitores para lá. Tomarão leite no curral, bem quentinho, mugido na hora, com espuma. Depois seguiremos para o riacho e tomaremos um banho delicioso sob as águas caudalosas do Mearim.

A noite, sentar no alpendre e jogar conversa fora por horas perdidas no tempo. Chega um vento frio vindo das banda do Aracati, que às vezes anuncia chuva próxima.A iluminação à querosene deixa o ar mais campestre. Para ajudar no combate ao frio, pega-se uma tanga de rede, grossa e aveludada.

Depois que finda o final de semana, tudo volta ao curso normal. Inclusive a rotina, intediante. Acordar cedo e ter que tomar banho de chuveiro, a água tem sabor de q'boa e deixa o cabelo grosso e a pele ressecada.

Amores vãs. Prazeres também vãs. Na vida tudo passa e o que fica é a saudade. Sentimento que somente nós, latinos sentimos, com tamanha intensidade que chega a doer. Corroendo por dentro, deixando marcas.

É como lembrar da namorada que se foi sem disser adeus. Ficando apenas a lembraça e a dor da ausência. Malvada, se foi e nem deu tempo para me despedir, e levou minha alegria, sem deixar vestígio. Mas, superarei, como outras lembranças foram lembradas. Quando vencida, voltarei para o meu recanto e cantarei a aventura que foi viver longe de minha terra.

Ademais, um aperto de mão e até mais vê.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Carnaval

O carnaval está chegando. A alegria também. O povo todo vai para a rua, o bloco vai passar e arrastar a multidão. Os rapazes solteiros vão à procura de columbinas também sem ninguém. É a festa mais popular do mundo, mais democrática. E todos estão convidados à participar, sem recusas.

Minha fantasia está no varal a cotejar, na expectativa da passagem do arrastão. Meus sacos de gomas já foram comprados na butega da esquina da minha rua. Minha namorada já mandei ir embora, pois no carnaval ninguém é de ninguém. Irei sem lenço nem documento para a rua do Matacavalos, saudar o poeta marginal, e cortejar a vizinha.

A turma toda está se preparando para o carnaval. Mas eu irei sozinho, sem ninguém, acompanhado unicamente de minha irresponsabilidade. É carnaval, vale tudo para ser feliz.

O frevo está tocando, a garota pula sua coreografia e desce a ladeira com a sombrinha. Fico imaginando meu tempo de criança através daquele fervilhão de cores. Cores que claream nosso dia a dia.

As ruas vão se povoando de alegria. O riso fica fácil. As portas dos bares vão sendo baixadas e seus donos rumam para suas casas trocar de roupa e ver o bloco.

Pena que o bloco não espera por ninguém. Quem dormir ou estiver num canto escuro a namorar, vai deixar de ver e acompanhar.

Eu, por nado perco a descida do bloco. Ainda era manhã e já estava na concentração para a aparição.

Mas, na vida tudo tem um fim. E com o carnaval, não é diferente. Ele também acaba. Na quarta-feira de cinzas, tudo está de novo em seu devido lugar. A ordem é restabelecida. Inclusive a monotonia, a repetição do cotidiano.

A vida perde o ar frívolo, que não deveria deixar de existir. Assim, haveria menos depressão. Seríamos mais humanos. Findado o Carnaval, voltei, agora é pra ficar.

Procurei minha namorada. Reatamos o namoro. A vida.

Tudo de novo.

O próximo vai chegar. Já estou esperando. E quando acontecer, largo novamente o laço, e torço para não ser largado.

Compra-se vergonha na cara

Ora pois, nobre leitor, já que insistes na contação, vou lhe confiar o trágico fim de meu último namoro. Você é capaz de imaginar do que é capaz um mulher estérica, tomada por uma crise de ciúmes, ao ver seu namorado a conversar sem maldades com uma senhora pelas ruas despreocupadamente? Pois, leia com atenção e não vale sentir pena ou me xingar.
Como falava antes, estava eu a caminhar com uma senhora, colega de trabalho pelas ruas da pacata cidade de Quixadá, sem nenhuma preocupação com o tempo ou coisa semelhante, eis que encontro com minha namorada possessa de raiva e desconfiada de que aquela pobre madame, que já passava dos cinquenta, fosse minha amante. No momento em que seus miópes olhos me detectaram, não foi outra ação dela, a não ser partir pra cima da gente golpeando sem medir, nem mirar onde e quem acertasse. Minha única, ação, se é que houve alguma de minha parte, foi pedir para parar, que ela estava equivocada.
Então, os ânimos se acalmaram um pouco, os delas é claro,. O route de pancadaria também cessaram. Ai, começou a sessão palavrões, foi nome que nem mesmo meu seleto dicionário matutino de cearense pôde decifrar do que ela me elogiava. Formou-se, em torno da gente um público de não menos, quarenta pessoas, e olhe, nem pagaram ingresso, para ver minha tragédia, acreditaria que nem mesmo Édipo Rei faria tanto sucesso.
Mas, como tudo na vida passa, ido embora, minha ex, que naquele momento disse que não me queria mais, pedi desculpas a colega e me ofereci a acompanhá-la até sua casa, antes é claro de perguntar se estava tudo bem com a pessoa dela. Ela, educadamente disse que não precisava, e foi-se sozinha,
Eu, Fui calmamente para casa. Ainda bem que morava sozinho, como hoje, e curtir durante horas aquela dor, insuportável no lado direito do meu rosto, que ardia sem parar. Junto com a dor veio a raiva de injustamente ser agredido e exposto em praça pública. Que descontrole.
Acho que você, curioso que é, está se mordendo para saber o que aconteceu depois. Ora, Nobre Amigo, é preciso ter muita cara de pau, para fazer o que eu fiz depois de todo esse acontecimento. Passou-se um ano e eu separado dela. Mas, com esse tempo distante, parece que ela se renovou e ficou ainda mais bonita. Ao vê-la semana passada, me ocorreu uma vontade imensa de voltar a namorá-la. E então, surge uma luz, descobri que ela estava solteira, quebrei o orgulho e telefonei, pedi para conversamos e ela aceitou, então hoje resolveremos todo esse acontecimento de uma vez por toda, nesta noite. Peço que torça para mim.



Esta crônica foi escrita a oito anos atrás. Por isso não fiz nenhuma correção semântica ou ortográfica.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Entre quatro parades

Há coisas na vida da gente que ficam guardadas num cantinho esperando algo para se revelar. Como expressões, às vezes maliciosas. Pois eis uma que me tocou profundamente devido as circunstâncias e ao fato ocorrido. "Entre quatro paredes", Essa já virou jargão entre os amantes do sexo selvagem, servindo para a justificativa da transformação durante o ato. Mas, há certos equívocos na triste vida de um matuto como eu, dos autêntico, que coloca esses paradigmas em xeque. Pondo à baixo toda a estória construída nas relações amorosas.

Vou lhes contar o acontecido com esse cabeça chata, que vive no mundo da lua, à caçar sonhos perdidos e impossíveis. Dias atrás fui agraciado com uma casa novinha em folha, só esperando por mim, e mais a cambada de gente que me acompanhou; pois bem, continuando, fui conhecer a bendita mansão, olhei quarto por quarto, o quintal, a cozinha e depois de examinada a qualidade da construção fui-me embora. Dois dias depois volto de morada, de malas e cuias, como diz no meu interior. Durante a noite, enquanto tinha uma terrível dor de casa e por conta disso não conseguia dormir, fiquei a pensar, porque existo, e um negócio ficou a bater incansavelmente na parte semi-plana da cabeça. Minha casa não tinha quatro paredes, como as casas que conhecia, as normais que sempre via e entrava em algumas delas para tomar um copo de leite mugido na hora, pelas vizinhanças. Minha casa tinha cinco, uma a mais. Olhe onde me meti. Logo eu que sou ruim com os números. Já achava quatro muito, agora cinco, é um exagero, sem tamanho. Meu conhecimento de contação só permite contar dedos, e se estiverem desocupados.

Mas, tudo bem. Dá-se-a um jeito nessa contagem, pedirei ajuda para os universitários de plantão disposto a ajudar um jeca, que mal sabe escrever um ó de cócoras. E tão logo receberei o auxílio, me tranquilizarei.

Minha dispeita com os números vem desde de criança, dos tempo de disputa por bilas e carteiras de cigarros (simbolizava dinheiro). A briga era grande quando alguém sentia que estava sendo passado para trás. Pontapés, socos, chutes, e mais todo tipo de golpe era deferido durante a discussão. Mas, sempre fui quieto. Quando duvidavam de mim, entregava de imediato o objeto, sem espaço para intrigas ou coisa semelhante. Hoje, depois de grande e velho, me encontro em um novo impasse com os números, tendo que me valer de um sábio da modernidade para me tirar desse vexame.

Não me entrego assim tão fácil. Vou tentar, sozinho chegar a uma conclusão e solucionar o problema. Fiquei a miolar com o crânio, bicho-preguiça, funcionando lentamente, a passos de formigas.

O dia já mostrava as primeiras fagulhas de sol batendo na janela do meu quarto. De repente, a solução: derrubar a quinta parede, ficando tudo igualzinho a todos. Até minha dor de cabeça foi embora. Assim pude dormi tanquilamente, só acordando ao meu dia.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O último Pau-de-arara

Nobres Leitores do meu coração, tenho uma boa notícia a dá-lhes; conquistei o sofrido mérito da casa própria. Nunca mais vou pagar aluguel e ter que dá satisfação do cuidado da casa do dono. No dia do pagamento sempre é aquele ritual, às seis e meia em ponto, lá estava o maldito carrasco a esperar que eu acordasse e levar o suor do mês inteiro. Mas, de hoje em diante posso dormi até mais tarde nos dias 10 de cada mês e nem os terríveis pesadelos que antes tinha, quando o dinheiro estava em recesso, não terei mais. Bato no peito orgulhoso e grito bem alto, moro em casa minha. Pois bem, aproveitarei o causo e vou narrar o acontecido no primeiro dia que adentrei na minha mansão.

Era quase meio dia, hora em que as almas lá no sertão vão visitar os solitários, mas aqui na cidade não tem, graças a Deus. Mesmo sozinho entrei não receie e venci o obstáculo do medo. Cabra macho do interior que sou, honrrei a cabeça chata que herdei de papai e entrei corajosamente na espreita e com olhos de gato espantado para algum eventual risco que viesse a ocorrer-me. Tudo tranquilo, nenhum mostro se aproximou de mim, ou mesmo uma sombra maligna veio tirar meu sossego.

Passado o susto, tratei em me tranquilisar. Fui conhecer a casa por inteiro e nos mínimos detalhes. Entrei no primeiro quarto, sai direto para uma despensa que dava passagem para um outro quarto, talvez para empregados, que dava passagem para uma área aberta e sem telhado. Continuei a caminhar pelo vale de cômodos que me aguardava. Eram tantos que me assutei. Teria que chamar o corpo de bombeiros para a limpeza ou talvez o exercito.

Ainda caminhava, me via agora num labirinto, perdido. Comecei a ficar nervoso. Receie nunca mais encontrar a saída e morreria de fome e sede na minha própria casa, que tanto batalhei para tê-la, economizando moeda por moeda, tendo que matar um leão por dia, me via ameaçado por essa ingrata, tanto dedicação para nada.

Sentei-me no canto de uma das paredes alvas, como o céu. O suor escorria pelo meu rosto feito cachoeira. Minha respiração funcionava imitando a de um cachorro. Também pudera, um matuto nascido e criado em casa de taipa de dois vãos, como é que se localizava num castelo daquela magnitude. Achei até normal a estranheza. Sentia falta do fogão a lenha, o cheirinho bom da fumaça a entranhar na roupa, a paisagem da capoeira na frente da casa. O burrico a relinchar ao pingo do meio dia. Acordar de manhã cedo para pegar água na cacimba. Não haveria nada mais disso. Passarei a viver trancafiado entre essas paredes e o portão da frente sempre com o cadeado passado a chave. Ficaria apenas a lembrança dos tempo idos no sertão, agora vividos apenas aos sábados e domingos. Mas, me acostumarei.

Passado o estado de transe, me encontrei deitado no chão da cozinha a delirar com um febrão. Com muito esforço enxuguei o rosto e levantei-me. Com os olhos rasos d'água segui em direção a sáida. Tomei o rumo da rua e peguei o pau-de-arara direto para minha terra.


Dedico esse texto a um homem exemplo de dignidade e força de vontade, capaz de fazer qualquer coisa para seus semelhantes. José Luís de Melo.