segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Eu Vou Lembrar de Você em Paris

Titia vivia sonhando em passar sua lua de mel em Paris. Não Passou de sonho a lua e a viagem. Também pudera, seu humor variava de acordo com as horas. Eu teria, de fato, uma noite de núpcias autêntica, com direito a champanha e ser carregada nos braços para o quarto. Não era em Paris, nem tão menos em Viena, mas teria a lua de mel que titia nunca teve. Não levarei meus gatos. Irei sozinha. Curtirei meu casamento ao máximo. Uma noite estava sentada na varanda com meu noivo do lado, recebendo a brisa da praia, quando titia nos perguntou onde iríamos passar a lua de mel. Grosseiramente respondi, na terra do nunca ou no país das maravilhas. Ela percebeu o quanto sua pergunta nos ofendeu. Ressentida, ofereceu de presente de casamento, uma viagem com tudo pago a Paris. Eu quis recusar, mas meu noivo não deixou fazer essa desfeita com a minha madrinha de casamento. O dia da cerimônia chegou, todos os convidados compareceram, com exceção da titia. Minha ira só aumentou para com ela. Eu me vingaria. Ofereci a posição de madrinha em retribuição ao presente. Dada as bençãos pelo padre, fomos direto para o aeroporto. Na sala de espera jurei para mim mesmo que não lembraria dela em instante algum. Chegamos ao hotel, subimos direto para o quarto reservado para nós. Abateu-me um arrependimento que não tive ânimo para sair naquele resto de dia. A fisionomia da velha não me liberava o pensamento. Fazia esforço para esquecê-la. Inútil. Sua presença no quarto era cada vez mais marcante. Ela vivia em mim o desejo de passar a lua de mel em Paris. Passei a semana inteira trancada no quarto. Rezava para o dia da partida não demorar. Mas chegou o dia do retorno. Sua voz resistia em me acompanhar naquele tchau, dê lembranças ao nosso povo. Meu irmão me esperava na área de desembarque. Admirou-se por me encontrar solitária. Minha expressão denunciava o acontecido. Não perguntou por titia, nem por meu ex-noivo. Sem mim, a velha teria sua tão sonhada lua de mel.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Português x Matemática

Escolhi a profissão errada. Grande erro, e por conta deste desvio penarei a vida inteira sofrendo as dores do árduo ofício da docência. Não que esta seja indigna ou sem valor. É que há coisas na vida que não precisam serem ensinadas, como o português e a matemática. Bem, pode parecer exagero essa afirmação, mas escute essa narração, e veja quando terminar se não estou totalmante certo

Vamos ao caso do português. A língua não precisa ser normatizada para ser utilizada, nem mesmo ser ensinada como um conjunto de regras a serem seguidas para se comunicar. Visto que desde o nascimento temos contato com a língua, estabelecendo nossos pais como profissionais da fala. Inativamente iniciamos nosso discurso com as frases: gugu, dadá, bilu bilu. Construções simples que os adultos tanto insistem. Aos dois anos de idade, a criança já consegue exprimir por meio da fala o que sente e o que querem. Ou seja, a comunicação já é estabelecida, mesmo não frequentanto os bancos das escolas. Portanto nossos pais, de hoje em diante serão nosos professores da língua mãe.

Pois bem, resta o caso da matemática. As crianças de hoje, estão cada vez mais precocemente espertas. Quando criança, lembro que me contentava com míseros dez centavo para a aquisição das balas, o famoso piper, isso conquitado depois de doloroso choro vencia a resistência de mamãe. hoje, a meninada já inicia opedido com uma sédula de dois reais. Que absudo. Grita, esperneia, fazem o escambau para consegui a sonhada fortuna. Vencida a batalha, vão à bodega da esquina, com as prateleiras repletas de bombons, fazem as compras de um real e oitenta centavos, depois plantam-se no balcão a esperar pelo troco. O dono do comércio finge esquecer do garoto, fazendo de conta ocupar-se de outras tarefas. Impaciente, o memino diz: -Fulano, o meu troco. O comerciante fazendo-se de esquecido, pergunta, -Quanto foi mesmo que você me deu? e se convence de que o garoto tinha razão. Aí está a verdadeira lição de matemática. O bodegueiro deveria assumir o legítimo cargo de professor das contas.

Perderei o emprego. Mas fico tranquilo em passar a função para estes competentes profissionais. Amanhã mesmo, irei a uma dessas agências de emprego me candidatar a uma vaga qualquer que esteja ociosa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Banho de bica

Ela vive falando: -Vai tomar banho cascão. Logo ela uma bióloga, que deveria zelar pela preservação dos recursos não renováveis do nosso planeta, como a água. Insisti para eu tomar um banho por dia. Já imaginou todos os habitantes da terra tomando banho ao mesmo tempo, certamente esgotaria as reservas. Então, para garantir a existência da tão preciosa água, eu economizo diminuindo a quantidade de banhos tomados.

Vou lhes confessar, nobres leitores, pois a intimidade já permite: eu só tomo banho quando encontro com ela, por livre espontânia pressão. Um banho por semana já seria o bastante.

Pode paracer exagero, mas avalie minha triste situação: tenho que dá duas viagens com meu jumento, acoplados das ancoretas, para garantir os banhos nossos de cada dia. Penso, Logo Existo, reduzindo o número de banho de dois, para um, meu pé de pano agradeceria.

Tudo bem, por amor se faz loucura. E as que me meto, são tremendas aventuras, ou maluquices. Só vendo para crê que aquele sou eu mesmo. Já nem ligo mais das mangofas que ela faz de mim, na minha frente. Agora divido as risadas de mim mesmo. Ri faz bem, para o caração, para a pela. Também, para alma.

Estou sem inspiração para escrever o que me propus, o amor. É um assunto tão complicado. Pensei que falando dela no início, o final fosse mais fácil. Mas não foi. Ontem escutei uma voz falando assim, no meu ouvido, durante o sono, até parecia uma poesia: As mãos você segura, aprisiona, mas o coração não. Ele é livre para amar. Não escolhe quem ou onde.

Não poderia me occorer um belo texto, um matuto que mal sabe falar, escrever sobre o amor. Vou é parar por aqui e deixar para os espertos fala sobre esse assunto. Mas, quando ela cheger perto de mim, vou lhe proferir uma tremenda declaração de amor, lhe pedi em casamento. Torçam para que ela aceite. Mas, será que serei um bom marido? Só esperimentando para ver.

Até logo.

sábado, 4 de julho de 2009

Despedida

Há horas eu estava naquele banco de praça a esperar. As luzes acenderam anunciando o fim do dia. O ritmo acelerado das pessoas de negócios, dera lugar aos passeantes das horas ociosas. O clima da cidade mudava ao cair da tarde. Eu continuava ali, no mesmo banco, desde a manhã.

A obediência sempre me foi uma virtude. Às vezes nem era preciso falar. Apenas olhar e eu entendia aquele gesto imperativo do senhor do lar, por quem eu mantinha territorial respeito e adimiração.

A mulher que me pôs no mundo, não me queria bem ou como filho. Sabia desde as primeiras horas de vida, quando da renuncia do peito. Fiquei aos cuidados de uma tia velha, irmã de criação de papai. Estes dois eram minha única família naquele sobrado de esquina com a praça.

Cresci sem conhecer os prazeres da infância, como brincar na rua e leviandades típicas de crianças. Pois a mulher que me teve não permitia o sorriso no meu rosto. Um dia papai trouxe da rua uma bola de meia, que tratei imediatamente de escondê-la, usanda-a apenas nas horas livres da velha.

Papai nunca reclamou com ela, por seus modos para comigo. Adoecera logo, passando a depender de seus cuidados para tudo. Tornou-se vítima como eu. Fazia questão de expor a situação de dependência, que nós homens tínhamos.

Minha tia foi embora quando alcancei os três anos, restando eu, papai, a mulher e suas duas filhas fruto do primeiro casamento.

O estado de saúde de papai piorava dia a dia. Ficava fraco, a respiração quase inexistia. Um dia pela tarde ele se foi e me deixou nas maõs da mulhar. Os maus tratos só pioravam e eu não aguentava mais.

Na madrugada que seria um dia de sol, ela acordou e pediu para eu a esperar sentado no banco da praça, que ela e as filhas iam às compras. Mas, pegara o pau-de-arara e seguira para a casa de seus parentes, aos arredores de Baturité, me deixou sem ninguém, no mundo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O sequestro da caneta

Ora pois, nobre Leitor, peço-vos mil desculpas por passar tantos dias sem aparecer por cá. Não é que perdi a graça pelo namoro, também não é por deixar de escrever, esse foi o dom que deus a cada dia aprimora com o seu escopo. Quando souberes do verdadeiro motivo que me levou a distanciar-me do mundo da escrita, certamente mangará comigo. Mas, como já somos íntimos, vou-lhes cotar até os detalhes.

A cidade que escolhi para morar, por ser calma e pacata, já não conserva nenhum desses adjetivos. Tornou-se agitada e insegura por demais. Uma onda de assaltos vem ocorrendo e nada é feito pelas autoridades policiais.

Veja você, nobre leitor, que semana passada roubaram o acento agudo da palavra Quixadá, de uma placa na entrada da cidade, ficando Quixada, os desavisados lendo, queixada. Absurdo. Dias depois, um cego a mendigar pelas ruas deu por falta de sua bengala, foi ao certo roubada. E não pára por aí. Levaram o livro que Raquel de Queiroz segura na praça que leva seu nome. Na certa, um bandido intelectual.

Todos convivem com a sombra do medo. Temendo a qualquer momento ser a bola da vez, a próxima vítima. E não é que fui uma dessas pobres criaturas a serem surpreendidas por esses insensatos.

Pois bem, vamos ao caso. Estava eu a caminhar pelo centro a cidade, despreocupado, pois ainda era meio dia, imaginava que nenhum bandido se atreveria a trabalhar naquelas horas. Pois me enganei. Fui surpreendido por um sujeito mal encarado, portando um palito de picolé com a ponta afiada a me ameaçar. Essa foi o fim. Nas grandes cidades, bandidos usam fuzil AR-15, metralhadoras e o escambau. Aqui é esse atrazo de arma, tive até pena do coitado. Com uma voz rouca, disse:
-Ei preiboy, perdeu. Passa tudo. Vambora. Num demora.

Expliquei que não carregava nada de valioso comigo, apenas uma caneta com a qual escrevia meus textos mal acabados. Sem compaixão ele respondeu:
-Passa malandro. Bota as mão nessa cabeça chata de matuto e deixa eu tirar essa caneta.

Essa foi a maior das ofensas que sofri em toda minha curta vida. Fui chamado de malandro por um marginal. E pior, com que escreveria daqui por diante? Minha caneta foi sequestrada e não tenho dinheiro para o resgate. Estou com a carreira com os dias contados.

Então amigos leitores, fica o pedido: quem tiver uma caneta sobrando, mesmo que seja velha e que de vez em quando falhe, mande para mim, pois esta que usei para escrever esta crônica, pedi emprestada ao budequeiro meu vizinho, que está aos gritos pedindo-a.

Ademais até o próximo. Volto logo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Canindé

Estou a preparar uma viagem, que por sinal será muita longa, duradoura. Levará dias até sua conclusão. E nesta ousada empreitada vou levar quem quiser ir comigo. Mas, vou de imediato advertindo, que não pode desistir durante a viagem, mesmo que ocorra algum problema de saúde. Pois, esta exige muita resistência de quem a enfrentar.

Vou a Canindé, pedi as bençãos a São Francisco de Assis de Canindé, a pé. Tem que ser a pé. Na vida, tudo que ser com sacrifício, senão, não tem o merecido valor. Com o tempo, cai no esquecimento. Então, para comprovar a importância que destinei a esse tal milagre, não contarei qual, vou a pé, mesmo que sozinho vá. Mostrarei como palavra de matuto não quebra.

Convidarei um professor amigo meu, o melhor cronista do mundo, para ir comigo. Sim, chama-lo-ei porque ele tem uma cara de preguiça que só vendo. Seus passos são arrastados e contados. Até para proferir algumas palavras eles senti preguiça. Levarei uma macaca, caso ele durma, soltarei o couro esticado e seco em seus lombo, sem pena.

Para completar a romaria, convidarei um estudioso colega meu, da área da linguística. Este é outro molenga, que vive a dormi pelos corredores. Levarei para ler no caminho vários poetas consagrados, que este último amigo tanto odeia. Valoriza por demais os marginais, esquecendo as contribuiçoes de Machado de assis, Vinicius de Moraes e tantos outros para nossa literatura.

As minha bugigangas já estão prontas. Comprei uma chinela de sola, adaptada para o asfalto. Esta tem que durar toda a viagem. Encomendei ao mesmo artesão um chapéu de couro modelo Lampião. Pedi a uma costureira. vizinha minha para coser uma blusa de tergal, com mangas longas, para proteção contra o sol. A mesma senhora, atendeu a meu pedido e costurou minha calça de chita, com boca de sino. A mala, também está pronta. É um bornal de estopa, resistente e macio.

O destino final da peregrinação é a Basílica de São Francisco. assisterei a missa e voltarei na mesma pisada, na companhia de dois cabra da peste, destemidos e valente.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Explica

Uma poesia para explicar
A dor
A solidão
A falta
O nada
O tudo não merece explicação

Uma poesia para sentir
O coração bater
O suspiro falar
O corpo ranger
A pele suada
A unha cravada

Uma poesia para ver
Você
O dia
A noite
A claridade
o infinito

Uma poesia para escutar
O teu chamado
O pedido de namoro
Tua presença

Uma poesia para explicar
O que não se pode explicar
O que não se pode entender

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Piolhos

Ora, nobre leitor, estou furioso com essa malta urbana, seus hábitos e seus moradores, que inventam a todo instante um troço novo para nos tirar a paciência.

Você é capaz de me dizer onde estão as moedas do nosso país? Não, claro que você não sabe. Faz um século que não a vimos pelos nossos bolsos. A não ser que precisemos dos serviços prestados por moto taxi. Pois, aí está. Elas moram lá, com residência fixa, nos bolsos dos coletes destes leva e traz de passageiros. Eles possuem aos montes.

Minha ira começou quando precisei de uma mísera moeda de cinco centavos para interar o leite do menino, e acredite, não encontrei em parte nenhuma da casa. Fui ao vizinho, pedi-lhe um empréstimo a juros compostos, mas o colega do lado também não tinha. Sem saída, empenhei a cela do jegue ao leiteiro. Agora está sem poltrona, minha poderosa máquina .

Sem meu jumentinho, fui obrigado a recorrer a um moto taxi, e na hora de pagar o rapaz, ele saca do bolso uma sacola de moedas, de todos os valores. Instantaneamente atirei-lhe uma série de desaforos. O coitado sem entender, não respondia nada. Peguei meu troco e fui direto saldar a dívidir com o leiteiro, e resgatar minha cela. Durante o caminho, senti minha cabeça coçar, passei os dedos para aliviar a pertubação. Mas, nada fazia diminuir a agoniação. Cheguei em casa com a cabeça ardendo de tanto esfregar. Implurei para minha esposa ver o que tinha na cabeça. Escutei seu grito alarmante: PIOLHO, PIOLHOS. Nobre leitor, fui contaminado por uma multidão de piolhos famintos, que sugavam meu sangue pouco e fraco, advindo do capacete do desgraçado moto taxi. Aquilo me deu uma raiva. Joguei toda espécie de praga que conhecia no motoqueiro.

Hoje, ao meio dia, escutei do rádio uma notícia que avisava o fim do uso do capacete no perímetro urbano.

Bem que essa medida podia ter acontecido antes de eu ter sido infectado. No mesmo momento fiquei indeciso, quanto a obrigação do uso para transportes de quatro patas. Teria que deixar de usar meu chapéu de couro ao desfilar pelas ruas da cidade com meu lazarino?

Volto a andar a pé, com minha chinela de pneu e pronto. Quero ver quem vai me multar.

Ademais, até logo, e volta já.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Velha Mansão

Tudo estava estático a escuridão dominava cada canto da sala e os demais espaços vazios daquela assombrada casa de passado obscuro. Os moveis tinham aparência destruida e cores sombrias, aumentando ainda mais o aspecto da residência

As pessoas que lá moraram adquiriram com o tempo o mesmo tom sombrio envelhecendo juntamente com o decorrido das horas. Havia um cheiro de defunto pelos corredores, sons misteriosos povoavam o recinto peculiar.

Ela estava bem ali. Sempre estava no mesmo lugar. O escuro caminho de acesso espulsava quaquer aprendiz dedestemido.

Nunca chegara luz. Claridade não combinava com o ambiente. Ela foi construída com a sombra do pesadelo.

Um dia um casal recem-casado chegou para morar na casa. Comprou mesas novas, armário, cortinas, consertou a estalação hidráulica. Mas, não demoraram duas semanas. A mulher morreu de pneumonia e o homem enlouqueceu. Foi o fim da segunda recente família que se atrevia a desafiar os mistérios da casa.

Um mendigo também tentou habitar a velha mansão. Mas, por apenas uma noite. Amanhecera morto, enfartou no meio da matrugada. O curioso era que seu rosto tinha expressão de espanto.

Ninguém sabia ao certo o que aquela casa tinha de desconhecido. Os moradores da pequena vila inventavam estórias de fantasmas dos primeiros donos; outros diziam ser a casa dominada por extra-terrestres. As suposições eram muitas. O fato era que nenhum ser conseguia vencer a casa.

Foi erguida no tempo do segundo reinado. Era uma construção imperosa e rica para a época. Seus primeiros donos eram da casa do Imperador. Todos admiravam a gigante obra. Todo o vilarejo se agitava durante a empreitada. O requinte era soberbo. Detalhes na fachada foi esculpido por artista vindo da França. As portas eram repletas de detalhes entalhados na madeira Pau-Brasil. Sua altura parecia que alcançaria as nuvens.

Mas, com o tempo, o edifício perdeu seu brilho e seu encanto. Restou a escuridão das paredes encardidas e a nostalgia da lembrança.

O passar dos dias corroia pouco a pouco a estrutura, que agora demosntrava sinais de ruínas. O prédio convaslecia, como seus donos convalesceram.

Tempo bom é o que virá. Viajar em pensamentos e viver comos errantes.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A partida

Condição lamentável essa de ser Quase, ainda mais quando depois do quase, vem o adjetivo poeta. Temos que fazer da nossa dor, motivo de inspiração e satisfazer poeticamente quem nos lê. Dá luz aos olhos e a imaginação. fazer voar os sentimentos por entre nuvens de formatos diversos. Ter a obrigação de emocionar casal recém formado em dias dos namorados.

Mas, ainda vou voltar, sei que um dia vou voltar, para meu tranquilo e sereno sertão e assumir novamente minha sina de matuto. Tirar do prego o chapéu de couro e a tardinha ganhar o mato à procura da rés perdida, e voltar já escuro puxando o cabresto, vitorioso e de peito inchado.

O sertão guarda consigo deveras aventuras e hábitos que só ele pode dá à vida prazeres distintos. Só vivendo nesse universo para conhecer tantas proezas juntas. E verás como nada disso é invenção. Quando puder, prometo que levo todos os meus leitores para lá. Tomarão leite no curral, bem quentinho, mugido na hora, com espuma. Depois seguiremos para o riacho e tomaremos um banho delicioso sob as águas caudalosas do Mearim.

A noite, sentar no alpendre e jogar conversa fora por horas perdidas no tempo. Chega um vento frio vindo das banda do Aracati, que às vezes anuncia chuva próxima.A iluminação à querosene deixa o ar mais campestre. Para ajudar no combate ao frio, pega-se uma tanga de rede, grossa e aveludada.

Depois que finda o final de semana, tudo volta ao curso normal. Inclusive a rotina, intediante. Acordar cedo e ter que tomar banho de chuveiro, a água tem sabor de q'boa e deixa o cabelo grosso e a pele ressecada.

Amores vãs. Prazeres também vãs. Na vida tudo passa e o que fica é a saudade. Sentimento que somente nós, latinos sentimos, com tamanha intensidade que chega a doer. Corroendo por dentro, deixando marcas.

É como lembrar da namorada que se foi sem disser adeus. Ficando apenas a lembraça e a dor da ausência. Malvada, se foi e nem deu tempo para me despedir, e levou minha alegria, sem deixar vestígio. Mas, superarei, como outras lembranças foram lembradas. Quando vencida, voltarei para o meu recanto e cantarei a aventura que foi viver longe de minha terra.

Ademais, um aperto de mão e até mais vê.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Carnaval

O carnaval está chegando. A alegria também. O povo todo vai para a rua, o bloco vai passar e arrastar a multidão. Os rapazes solteiros vão à procura de columbinas também sem ninguém. É a festa mais popular do mundo, mais democrática. E todos estão convidados à participar, sem recusas.

Minha fantasia está no varal a cotejar, na expectativa da passagem do arrastão. Meus sacos de gomas já foram comprados na butega da esquina da minha rua. Minha namorada já mandei ir embora, pois no carnaval ninguém é de ninguém. Irei sem lenço nem documento para a rua do Matacavalos, saudar o poeta marginal, e cortejar a vizinha.

A turma toda está se preparando para o carnaval. Mas eu irei sozinho, sem ninguém, acompanhado unicamente de minha irresponsabilidade. É carnaval, vale tudo para ser feliz.

O frevo está tocando, a garota pula sua coreografia e desce a ladeira com a sombrinha. Fico imaginando meu tempo de criança através daquele fervilhão de cores. Cores que claream nosso dia a dia.

As ruas vão se povoando de alegria. O riso fica fácil. As portas dos bares vão sendo baixadas e seus donos rumam para suas casas trocar de roupa e ver o bloco.

Pena que o bloco não espera por ninguém. Quem dormir ou estiver num canto escuro a namorar, vai deixar de ver e acompanhar.

Eu, por nado perco a descida do bloco. Ainda era manhã e já estava na concentração para a aparição.

Mas, na vida tudo tem um fim. E com o carnaval, não é diferente. Ele também acaba. Na quarta-feira de cinzas, tudo está de novo em seu devido lugar. A ordem é restabelecida. Inclusive a monotonia, a repetição do cotidiano.

A vida perde o ar frívolo, que não deveria deixar de existir. Assim, haveria menos depressão. Seríamos mais humanos. Findado o Carnaval, voltei, agora é pra ficar.

Procurei minha namorada. Reatamos o namoro. A vida.

Tudo de novo.

O próximo vai chegar. Já estou esperando. E quando acontecer, largo novamente o laço, e torço para não ser largado.

Compra-se vergonha na cara

Ora pois, nobre leitor, já que insistes na contação, vou lhe confiar o trágico fim de meu último namoro. Você é capaz de imaginar do que é capaz um mulher estérica, tomada por uma crise de ciúmes, ao ver seu namorado a conversar sem maldades com uma senhora pelas ruas despreocupadamente? Pois, leia com atenção e não vale sentir pena ou me xingar.
Como falava antes, estava eu a caminhar com uma senhora, colega de trabalho pelas ruas da pacata cidade de Quixadá, sem nenhuma preocupação com o tempo ou coisa semelhante, eis que encontro com minha namorada possessa de raiva e desconfiada de que aquela pobre madame, que já passava dos cinquenta, fosse minha amante. No momento em que seus miópes olhos me detectaram, não foi outra ação dela, a não ser partir pra cima da gente golpeando sem medir, nem mirar onde e quem acertasse. Minha única, ação, se é que houve alguma de minha parte, foi pedir para parar, que ela estava equivocada.
Então, os ânimos se acalmaram um pouco, os delas é claro,. O route de pancadaria também cessaram. Ai, começou a sessão palavrões, foi nome que nem mesmo meu seleto dicionário matutino de cearense pôde decifrar do que ela me elogiava. Formou-se, em torno da gente um público de não menos, quarenta pessoas, e olhe, nem pagaram ingresso, para ver minha tragédia, acreditaria que nem mesmo Édipo Rei faria tanto sucesso.
Mas, como tudo na vida passa, ido embora, minha ex, que naquele momento disse que não me queria mais, pedi desculpas a colega e me ofereci a acompanhá-la até sua casa, antes é claro de perguntar se estava tudo bem com a pessoa dela. Ela, educadamente disse que não precisava, e foi-se sozinha,
Eu, Fui calmamente para casa. Ainda bem que morava sozinho, como hoje, e curtir durante horas aquela dor, insuportável no lado direito do meu rosto, que ardia sem parar. Junto com a dor veio a raiva de injustamente ser agredido e exposto em praça pública. Que descontrole.
Acho que você, curioso que é, está se mordendo para saber o que aconteceu depois. Ora, Nobre Amigo, é preciso ter muita cara de pau, para fazer o que eu fiz depois de todo esse acontecimento. Passou-se um ano e eu separado dela. Mas, com esse tempo distante, parece que ela se renovou e ficou ainda mais bonita. Ao vê-la semana passada, me ocorreu uma vontade imensa de voltar a namorá-la. E então, surge uma luz, descobri que ela estava solteira, quebrei o orgulho e telefonei, pedi para conversamos e ela aceitou, então hoje resolveremos todo esse acontecimento de uma vez por toda, nesta noite. Peço que torça para mim.



Esta crônica foi escrita a oito anos atrás. Por isso não fiz nenhuma correção semântica ou ortográfica.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Entre quatro parades

Há coisas na vida da gente que ficam guardadas num cantinho esperando algo para se revelar. Como expressões, às vezes maliciosas. Pois eis uma que me tocou profundamente devido as circunstâncias e ao fato ocorrido. "Entre quatro paredes", Essa já virou jargão entre os amantes do sexo selvagem, servindo para a justificativa da transformação durante o ato. Mas, há certos equívocos na triste vida de um matuto como eu, dos autêntico, que coloca esses paradigmas em xeque. Pondo à baixo toda a estória construída nas relações amorosas.

Vou lhes contar o acontecido com esse cabeça chata, que vive no mundo da lua, à caçar sonhos perdidos e impossíveis. Dias atrás fui agraciado com uma casa novinha em folha, só esperando por mim, e mais a cambada de gente que me acompanhou; pois bem, continuando, fui conhecer a bendita mansão, olhei quarto por quarto, o quintal, a cozinha e depois de examinada a qualidade da construção fui-me embora. Dois dias depois volto de morada, de malas e cuias, como diz no meu interior. Durante a noite, enquanto tinha uma terrível dor de casa e por conta disso não conseguia dormir, fiquei a pensar, porque existo, e um negócio ficou a bater incansavelmente na parte semi-plana da cabeça. Minha casa não tinha quatro paredes, como as casas que conhecia, as normais que sempre via e entrava em algumas delas para tomar um copo de leite mugido na hora, pelas vizinhanças. Minha casa tinha cinco, uma a mais. Olhe onde me meti. Logo eu que sou ruim com os números. Já achava quatro muito, agora cinco, é um exagero, sem tamanho. Meu conhecimento de contação só permite contar dedos, e se estiverem desocupados.

Mas, tudo bem. Dá-se-a um jeito nessa contagem, pedirei ajuda para os universitários de plantão disposto a ajudar um jeca, que mal sabe escrever um ó de cócoras. E tão logo receberei o auxílio, me tranquilizarei.

Minha dispeita com os números vem desde de criança, dos tempo de disputa por bilas e carteiras de cigarros (simbolizava dinheiro). A briga era grande quando alguém sentia que estava sendo passado para trás. Pontapés, socos, chutes, e mais todo tipo de golpe era deferido durante a discussão. Mas, sempre fui quieto. Quando duvidavam de mim, entregava de imediato o objeto, sem espaço para intrigas ou coisa semelhante. Hoje, depois de grande e velho, me encontro em um novo impasse com os números, tendo que me valer de um sábio da modernidade para me tirar desse vexame.

Não me entrego assim tão fácil. Vou tentar, sozinho chegar a uma conclusão e solucionar o problema. Fiquei a miolar com o crânio, bicho-preguiça, funcionando lentamente, a passos de formigas.

O dia já mostrava as primeiras fagulhas de sol batendo na janela do meu quarto. De repente, a solução: derrubar a quinta parede, ficando tudo igualzinho a todos. Até minha dor de cabeça foi embora. Assim pude dormi tanquilamente, só acordando ao meu dia.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O último Pau-de-arara

Nobres Leitores do meu coração, tenho uma boa notícia a dá-lhes; conquistei o sofrido mérito da casa própria. Nunca mais vou pagar aluguel e ter que dá satisfação do cuidado da casa do dono. No dia do pagamento sempre é aquele ritual, às seis e meia em ponto, lá estava o maldito carrasco a esperar que eu acordasse e levar o suor do mês inteiro. Mas, de hoje em diante posso dormi até mais tarde nos dias 10 de cada mês e nem os terríveis pesadelos que antes tinha, quando o dinheiro estava em recesso, não terei mais. Bato no peito orgulhoso e grito bem alto, moro em casa minha. Pois bem, aproveitarei o causo e vou narrar o acontecido no primeiro dia que adentrei na minha mansão.

Era quase meio dia, hora em que as almas lá no sertão vão visitar os solitários, mas aqui na cidade não tem, graças a Deus. Mesmo sozinho entrei não receie e venci o obstáculo do medo. Cabra macho do interior que sou, honrrei a cabeça chata que herdei de papai e entrei corajosamente na espreita e com olhos de gato espantado para algum eventual risco que viesse a ocorrer-me. Tudo tranquilo, nenhum mostro se aproximou de mim, ou mesmo uma sombra maligna veio tirar meu sossego.

Passado o susto, tratei em me tranquilisar. Fui conhecer a casa por inteiro e nos mínimos detalhes. Entrei no primeiro quarto, sai direto para uma despensa que dava passagem para um outro quarto, talvez para empregados, que dava passagem para uma área aberta e sem telhado. Continuei a caminhar pelo vale de cômodos que me aguardava. Eram tantos que me assutei. Teria que chamar o corpo de bombeiros para a limpeza ou talvez o exercito.

Ainda caminhava, me via agora num labirinto, perdido. Comecei a ficar nervoso. Receie nunca mais encontrar a saída e morreria de fome e sede na minha própria casa, que tanto batalhei para tê-la, economizando moeda por moeda, tendo que matar um leão por dia, me via ameaçado por essa ingrata, tanto dedicação para nada.

Sentei-me no canto de uma das paredes alvas, como o céu. O suor escorria pelo meu rosto feito cachoeira. Minha respiração funcionava imitando a de um cachorro. Também pudera, um matuto nascido e criado em casa de taipa de dois vãos, como é que se localizava num castelo daquela magnitude. Achei até normal a estranheza. Sentia falta do fogão a lenha, o cheirinho bom da fumaça a entranhar na roupa, a paisagem da capoeira na frente da casa. O burrico a relinchar ao pingo do meio dia. Acordar de manhã cedo para pegar água na cacimba. Não haveria nada mais disso. Passarei a viver trancafiado entre essas paredes e o portão da frente sempre com o cadeado passado a chave. Ficaria apenas a lembrança dos tempo idos no sertão, agora vividos apenas aos sábados e domingos. Mas, me acostumarei.

Passado o estado de transe, me encontrei deitado no chão da cozinha a delirar com um febrão. Com muito esforço enxuguei o rosto e levantei-me. Com os olhos rasos d'água segui em direção a sáida. Tomei o rumo da rua e peguei o pau-de-arara direto para minha terra.


Dedico esse texto a um homem exemplo de dignidade e força de vontade, capaz de fazer qualquer coisa para seus semelhantes. José Luís de Melo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Caros leitores, passarei esta semana sem postar textos. Estarei inteiramente ocupado com a minha casa, uma reforma maluca. Assim, logo que acabar, no máximo quinta-feira, estarei novamente escrevendo, todos os dias.

Abraço e já me sinto com saudade.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Até o fim ( Desabafo)

Hoje decidi me livrar dos velhos incalcos que me perseguiram durante anos a fio sem trégua. Fui vencido pelo cansaço. Pela dor de me ver a tantos dias sem a doce companhia de alguém. Livro-me de uma vez e nunca mais tenho de voltar a ver se alguém veio me visitar na minha única solidão. Prefiro minha ausência. Assim, sou feliz, do meu jeito. Da forma que me aprouver. Não sinta com isso culpa e obrigada a vir me ver. Faça o que tem vontade, mesmo que está comigo não seja o querer seu mais profundo.

Já me acostumei com a minha própria sombra. Ela me faz rir de madrugada quando tenho insônia e minha cabeça dói, uma bola de basquete lateja dentro dela sem trégua. Fico nervoso e peço para que ela não me abandone, pois só me restou ela. E me diz; Não seja assim tão manhoso! A dor é somente minha, por isso não divido com ninguém e mesmo se quisesse não poderia.

Vago sozinho perambulando pelas ruas, na noite avançada. Sozinho que sempre fui e serei. Não me assusto com a presença de seres de outro mundo. Sinto-me integrante do lado diferente da vida. Prefiro o anonimato, para não ser confundido ou comparado. Sou único, como minha dor.

Uma pessoa me para e pergunta: sente alguma coisa? secamente respondi, claro e você não sente suas pernas, seus dedos, seu coração? Fui brutalmente atacando a pobre criatura que me prestava auxílio. Talvez a ausência de carinho no meu corpo e na alma tenham me tornado esse ser duro. impenetrável.

Mas, continuo na existência.

O orgulho me toma por inteiro e peço a dó de ninguém. Não quero. Viverei assim, até os ultimos dias de insignificante existência.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um sopro de vida

Ele estava no canto da sala vazia à espera Dela, que demorava sem prenúncio de sua chegada. Enfiara a cabeça entre os joelhos tapando os ouvidos e privando seus doces olhinhos de espanto do mundo que o rejeitara. Bastante tempo fazia que se encontrava imóvel naquele postura, no escondido, de si mesmo. Mas não desistiria, uma hora dessas ela surgiria como a fênix e o levaria para um lugar confortável, repleto de luminosidade. Só seu. Seria o próprio Rei do castelo onde morava.

Durante a manhã passada mendigou atenção pelas ruas, sozinho, nada. As pessoas perderam o precioso dom dado por Deus, o Olhar. Muitos viam-no, mas não o enxergavam, sendo mais um a perambular e completar a corja de esfarrapados de moribundos das calçadas.

Esperaria mais um tempo. Era compensador a volta Dela. Podia esperar a vida inteira, até o último derradeiro instante de luz para tê-la novamente. Mas ela se recusava a voltar, como se recusou a amá-lo. Deixou-o jogado sem ninguém para o defender ou confortá-lo.

Nascera numa noite de chuva forte. Várias casas completaram-se com água barrenta. Estradas foram cortadas pela força destruidora da correnteza que assolava tudo.Talvez, isso seria uma anuncio do que estaria a acontecer com o pequeno. Fora fruto do pecado, de uma gravidez indesejada, descuido daquela mulher da vida que desaprendia dia a dia o ser mãe, e fingia a existência do menino, indefeso. não foi sua a decisão de está ali.

Desistira de esperar. Ela não viria mais apanhá-lo. Deixara-o já sabendo seu destino, entregue nas mãos do Criador. Ele entendeu tudo com o último olhar da mãe o motivo de sua deixa e sua frase derradeira: -Mamãe já volta. Não precisa ficar com medo.

A partir de agora seria mais um moleque criado pelas ruas. Filho do caos e da falta de humanidade.

Suas pernas finas e fracas tremiam. Não suportariam mais uma leva de tempo e maus tratos. Sua visão desfalecia lentamente até perde-se totalmente. O corpo não aguentou mais. Caiu, gemeu e por último suspirou.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O Vento

Foi sem você
Que pude entender
O tão sozinho estava
E vazio de ser

A arvore da vida
Guardou-me o destino
E reservou o teu colo
Para sempre meu

Não fujo mais
Não me escondo mais
Estou sempre a te esperar
Mesmo que distante esteja

Mesmo no silêncio escuto
Tua voz a me chamar
A voz do coração a clamar
Ao teu lado estar

Fico observando o caminhar do tempo
Até perceber o que se perdeu


Fico esperando o vento
Trazer notícias do mau tempo
Que chegou anunciando a tempestade

A tempestade que foi sem você



Poema dedicado aos amantes incondicionais.
Kildery.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Fuga

Atendendo aos pedidos de centenas de leitores enlouquecidos, vou lhes contar o divertido e curioso causo acontecido com esse matuto que vos escreve. Faço, porem, uma advertência, ao final não me chame de mentiroso ou de maluco.

Há dias que não devemos existir. Não pense que sou pessimista com a vida fiel leitor, é que às vezes ocorre tamanhas atrocidades em um único dia, que mesmo um jeca temente a deus, enfraquece suas forças de luta. Puxa o tamborete,se abanque e escute essa breve narração que me ocorreu.

Certa manhã acordei com a barriga chamando não sei por quem, pois não entendi nada. Sentia um enorme vazio. Ocorreu-me uma pena tremenda das minhoquinhas que lá crio. Recorri a geladeira com a esperança de salvação e aplacar a desnutrição. mas, o caixão com ar refrigerado, também se encontrava vazio. Levei as mãos à cabeça e roquei ao Todo Poderoso. Sem solução

Fui ao supermercado, o mais modernos da cidade. Mas, com qual dinheiro pagaria as compras? Fácil, pensei eu, na ilusão de convencer o caixa, um sujeito mal humorado, de que havia esquecido o cartão de crédito em casa. Levaria os mantimentos e voltaria com o tal cartão. Nada de acordo com o moço. Pedi para chamar o gerente. Ele veio com uma expressão de matador. Não me diminui. Também sem negociação. Propôs que ficasse com com minha camisa de chita novinha em troca dos alimentos. O tal supervisor parecia ouvir uma piada bem engraçada. Disse que para eu levar a compra, me deixaria ficar apenas com a cueca, que não servia para nada, até o elástico estava morto. Não hesitei, entreguei tudo e me livrei do horrível suga-suga com as sacolas empunho, uma na frente e a outra atrás.

Caminhava contente quando uma multidão se formou bem na minha frente a falar um idioma que eu não entendia. Também pudera, o que aprendi na escola mal dava para fazer um ó de cócoras. Entendi que eles chamaram algo de reforço ou captura. Fiquei sem saber o que fazer diante daquela situação. Esperei. Derrepente, uma espécie de viatura espirrou nos meus pés descalços, nem a alpergata de pneu o gerente deixou passar. Notei que aguele carro estava alí por minha causa. Nele estava escrito: Patrulha de animais selvagens. Depois de lido e compreendido, acalmei-me, pois conclui que não era para mim.

Continuei a caminhada em direção a minha toca. Quando passei pelo camburão, dois enormes monstros me agarraram pelo pescoço e pelas pernas e me jogaram dentro do porta malas junto com outros bichos. Fiquei inquieto. Perguntei qual era a acusação e nada deles responder. O carro partiu em disparada nos jogando sobre as paredes do veículos. Certamente me sedaram, pois só acordei na semana seguinte com um junta de veterinários em minha volta. Tentei estabelecer comunicação. mas ele não entendiam.

Chegou o que parecia ser um cocho com restos de comidas e deramn para eu comer. Terminada a refeição, me pegaram pelo braço e levaram para junto de outros animais. Aproximei-me de um avestruz com cara de amigo e perguntei sem esperança de resposta. -onde estava? ele repondeu; -Você está num asilo para animais com distúrbios mentais.

Mas logo eu, que sou tão equilibrado, pensava até então.

Fiquei cada vez mais amigo da ave. Ele me convidou para fugir daquele lugar, até já tinha plano, nem pensei em recusar. Preparei-me e na hora marcada lá estava à espera e preparado para a fuga.

Caro leitor, peço que depois de tamanha aventura esteja você torcendo para que tenha dado certo meu plano e me tornado novamente livre e normal.

Conseguimos escapar do refúgio de lunáticos.

O jornal da noite anunciava um absurdo, vejam se é possível: Dois pacientes do hospício Freud II, fugiram nesta madrugada. Alertamos a comunidade que eles são extremamente perigosos.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Interatividade ao máximo

Hoje, acordei no meio da noite assustado com o sonho que tive e com medo de que o mesmo viesse invadir minha pobre realidade debilitada pelos percalços da rotina, que não são poucos, só conhecendo-os para entende-los. Então vamos ao sucedido.

Durante todo o dia que se passou, só escutava ou mesmo via, notícia, que não fosse sobre a modernização pela qual a tv passava, melhorando de qualidade a imagem e ganhando no quesito interatividade. Esses horrores de nomenclatura para a antiga caixão de visão me deixaram nervoso e confunso. - "-Será que ela vai entrar para a família? ou - Será que ela vai ter filhos? questões dessa natureza martelava na minha cabeça chata de matuto, que até então só conhecia o tubo de imagem 14". Dava no noticiário que a partir dessa inovação se podia comprar a roupa da atriz ou do ator, conforme a preferência, com uma simples apertadinha. Meu Deus, já imaginou meu vizinho querendo uma calça igual a minha? Vai de imediato ao Shopping-sala e arranca de minhas pernas as vestes sacerdotais que sempre me acompanham. E se a casa estiver com visitas, que não faltam? Olha a situação que esse povo me meteu!

Mas, no meu sonho a coisa era ainda pior, o que até pouco tempo foi móvel de sala, agora ela se transformava em um imenso monstro devorador de crânios humanos, cujas vítimas eram preferencialmente universitários. O abominável ser atacava na calada da noite, em lugares desertos e sem a presença da luz. Esperava o fim das aulas noturnas e surpreendia os desatentos estudantes. Ele possuia uma enorme boca repleta de dentes afiados, e com apenas bocada, arrancava as cabeças dos transeuntes.

Como diz o ditado, tudo que começça tem um fim. A terrível criatura passou a atacar os alunos de uma outra faculdade, da mesma cidade, com a mesma artimanha. Estes últimos eram mais atraentes e deliciosos. Andavam melhor vestidos, alguns até tinham carro, outros motos. Mas, não se livravam da ação esmagadora do bichano.

Com o tempo, percebia-se que, aos poucos o monstrengo diminuia de tamanho, talvez fosse a idade, ficando corcundo, reduzido. Suas forças era cada dia menor, perceptivelmente, pois algumas vítimas conseguiam escapar. Suas garras e seus dentes perderam seu aspecto devorador. Até que uma noite dessas, um garotinho brincando pelos arredores de casa, encontrou um aparelho velho de tv jogado próximo a uma montanha de lixa. Curioso, ela estava ligada. Passava o jornal da noite, que anunciava s seguinte matéria:
"Pesquisa realizada por estudantes da capital, mostra o baixo nível de aprendizado em faculdades particulares do interior. Ela ainda mostrava que os alunos possuíam pouca capacidade intelectual".

Levantei num salto, preocupado com a minha velha tv japonesa. Fui direto saber como ela estava. Graças ao divino, tudo estava no seu devido lugar. Mas, para me certificar, liguei a incansável companheira das horas vazias, normal. Excerto a enorme barriga do velho gordo. Tomei um remédio tranquilizante e voltei para cama. Dormi feito um anjinho, que sou.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sofreguidão x Solidão

Quero dizer-te
Com todo sincero sentimento
Que não te quero mais
A companhia chegou com tons alvejantes
E em mim fez morada
[O vazio da escuridão
Se afastou pra sempre]
A claridade se iluminou
de esperança

Por isso
Rogo-te que não desperte
O abismo incompreendido
Que lascera o coração
Agoniado e frágil
Foge pra teu leito obscuro
Oculto
Encarcerado em negros redemoinhos
Ainda na noite de trevas
Que insisti em ficar com ela

Contudo...
Basta de tua presença [a solidão]

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Conversas de mesa de bar

Zaca, Zeca e Zuca, são amigos de muito tempo. Várias pedras surgiram pelo caminho da união, mas todas retiradas a tempo de se conservar o laço que os uniam. Era comum os três se reunirem no bar da esquina para jogar conversa em copos de cerveja. Falavam sobre os mais variados assuntos, possíveis ou imagináveis. O limite da razão e do bom senso era estabelecido por Zuca, o único dentre eles que não se atrevia em colocar o líquido embreagador na boca, preferia um copo de leite frio e sem açũcar.

Eis o trecho de uma dessas prosaicas discussões filosóficas:

_ Baxim, traz uma gelada no capricho aqui pra nós.
_ Vão querer o quê pra tirar o gosto?
_ Tem queijo?
_ tem.

_ Foi no filme Bily the Kid que o companheiro do machão pedia um copo de leite? [Zaca]
_ Não, acho que foi em algum episódio do pica-pau. [Zeca]
_ Isso não importa, leite ou cerveja tudo é bebido do mesmo copo. [Zuca]

(Muda-se de assunto)

_ A moto velocidade é transmitida aos domigos, é? [Zeca para Zaca]
_ Acho que sim. [Zaca]
_ O Valentino tá na frente do campeonato? [Zeca]
_ Sim, ele e o companheiro de equipe tão pegando.[Zaca]

(Muda-se de assunto)

_ Acho que todo mundo é doido. [Zuca do nada tece esse comentário]
_ Como assim? [Zaca sem entender]
_ Eu quero disser que todos tem potencialidades para desenvolver algum tipo de loucura. [Zuca]
_ O que te faz pensar assim? [Zaca]
_ Li um conto em que uma mulher estava com o carro quebrado e pedia carona na estrada, pegou um ônibus que transportava senhoras insanas. Ela, a primeira, do carro quebrado, [ sim, eu sei (Zeca)], entrou e pediu que a levasse até um lugar onde tivesse um telefone. [Zuca]
_ E, aí? [Zaca]
_ E aí, que a levaram para um hospício com a alegação de que ela tinha obsessão por telefone. [Zuca]
_ É, pode ser, logo que a tarifa não esteja tão cara. [Zeca, risos]

(muda-se de assunto)

Como toda boa conversa entre ébrios filósofos, não poderia deixar de se falar em mulheres, de todos os modelos: bonita, feia; baixa, alta; gorda, magra,enfim, todos os arquétipos femininos, não deixando de fora nem a mulher de um dos amigos faltosos, ainda mais se esta tiver ancas largas, quadril fino como um violino, barriga de tanquinho, pernas bem torneadas e o resto do corpo em perfeito estado.

(Conversa retomada)

_ Você viu como chegou a Maria 01? [Zeca]
_ Ela já voltou? Não se deu com o trabalho? [Zaca]
_ Eu vi. Voltou um belezura que dá gosto. [Zuca]
_ E a Maria 02, mulher do Otário 01, ela chegou pra mim e disse: - Zeca, você pode trocar o meu óleo? e eu respondi: - será um prazer. ela novamente, - quanto custa a troca completa? - pra senhora, nada.
_ Vê se pode uma coisa dessas. Depois é o cara que é pra frente, e se o sujeito não pega, leva nome de frouxo. [Zaca]
_ Pena que eu não sei consertar motos. [Zuca]

(Encerra-se o assunto)

A conversa esfria com a chegada de outros frequentadores do bar. Tentaram reatar a prosa através de gestos e trejeitos, mas sem o mesmo resultado. Deram por encerrada a reunião solene daquela noite e seguiram cada um para seu lado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O Maranhão fica lá em casa

Quando cheguei da rua, me deparei com o Estado do Maranhão bem dentro da minha casa. Era um mar só. A água havia destruído todos os frágeis e pobres móveis, fruto de muita luta em salas de aulas. Sem ter muito o que fazer, me confortei e resolvi me aproveitar da situação. Fui à despensa e peguei a minha antiga vara de pesca, que a muito tempo não fisgava nada. Naquele momento o rio era só meu, os peixes eram só meus. Então, subi na estante e esperei pacientemente que um peixe fisgasse minha isca de mortadela, o que restava na geladeira para o almoço.
O tempo passava, a água só subia de volume, o que aumentava mais ainda meu desespero, já chegava na parte em que me encontrava. E o danado do peixe nada de aparecer. De vez em quando até sentia um beliscãozinho, eram as piranhas que não me davam sossego. Resisti. Quando a covarde carnívora se apropriava do meu pedaço de mortadela, trocava por um outro menor, para não dá o gosto. Continuei na árdua tarefa da paciência, uma hora dessas o bendito cujo apareceria e salvaria meu rango.
Com a demora desisti de esperar por aquele covarde das águas amazônicas que me serveria de alimento. Foi então que me vi ilhado. Ocorreu-me instantaneamente chamar pela defesa-vizinho, que passara pela mesma situação minutos antes. Não é que o ingrato se recusou a me ajudar, alegando que eu estava à bater pernas na rua enquanto meu casebre inundava. Não discuti, apenas recuei. Resolvi mesmo sem companhia, para dividir o pesado cargo da limpeza e de salguardar o resto dos móveis que flutuavam como bóia de câmara de ar de caminhão. Joguei a vara no canto.
Comecei vagarosamente pela cozinha, que estava um caos. O Fogão atingia a porta dos fundos, e ao vê-lo naquela situação deplorável, senti minha barriga dando sinal de esvaziamento total. Empenhei-me na tarefa, com o intuito de terminar o quanto antes. Esqueci os peixes e o covarde vizinho, quantas vezes não precisara de mim... Enchia um balde por minuto. Mas, meu esforço parecia não ter resultado, pois a chuva não cessava. Vali-me de todos os santos, esqueci o que mandava a chuva, se são Pedro ou se são José, na duvida pedi aos dois. E nada, parecia que eles não me escutavam, ou estavam revoltados como a minha descrença.
Após baldes e mais baldes derramados no ralo da pia, a cozinha estava findada. mostrava novamente seu chão ensebado. Renovei a coragem e fui para o quarto, cuja situação estava a mesma. Terminei em poucos instantes. Passei imediatamente para a sala, o último cômodo. De onde estava só vinha o alto grisalho da cabeça do Bonner dando plantão extra, noticiando enchentes por todo o Brasil, dos desabrigados do Maranhão. Quase pedi para falar da minha situação: "Matuto do sertão central, sem eira nem beira, se encontra inundado dentro de seu próprio casebre". Ficaria famoso com minha desgraça. mas teria meus quinze minutos de fama
Por volta do meu dia, foi que dei fim com a operação 'Salvar-me a mim mesmo'. O corpo doía junta por junta, nunca me esforcei tanto. Mas valeu a pena, sentia-me um bombeiro aposentado.
Resolvido o problema da enchente caseira, vi-me sem nada para matar àquela que me devorava roendo tudo por dentro. O sofrido dinheiro ganho com aulas insuportáveis de burroguês, acabara ainda na semana do pagamento. O rio não estava para peixe.
Lembrei de guardar a vara que ficara jogada no chão da sala. O anzol seria uma ameaça de captura para mim mesmo, que não sou peixe, como o Romário. Peguei a danada e a puxei. Estava presa atrás do sofá. Empurrei-o para desprender e arrancar a linha. Quando finalmente consegui trazer o anzol, vi surpreendentemente um peixe fisgado pela isca, um enorme tucunaré de papo amarelo. Nem pude acreditar naquela visão, pensei que fosse fruto da minha fome. Agradeci a todos os santos, em especial a dupla infalível, são Pedro e são José, o Batmam e o Robim, das horas difícies

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Balada da solidão

Faz assim...
Chega sorrateira
no cantinho da solidão
e diz no meu ouvido, ilusão

Faz assim
Diz teu nome não
Deixa o silêncio falar
E nós dois calar

Faz assim
No final apaga as luzes
e vai embora sem me levar
Parte morna(atônita) de mim.

Faz assim
Quando findar o canto
Cala-te e escuta-me
Com sofreguidão ao meu pranto

Faz assim
No dia seguinte
não lembre do que fui
sinta o que viveu
vista a realidade
e cubra-a de tons verdadeiros

Assim se faz
Se sente, se lembra


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Plantão 24 horas

Boa noite. Entra. Tudo bem? Como foi seu dia? Posso imaginar pela expressão do seu rosto. Penteado novo. Ficou mais jovem. Esse perfume também é novo? Você não me disse que ia mudar. Gostava mais do outro. Sei que mudar às vezes é legal. Mas, sei não! Gosto que permaneça como te conheci, menos o estado que você tava. Ainda lembro de tudo. Direitinho. Não, deixa eu falar. Me faz bem. Por favor?! Tá, não vou insistir. Tá chatinha hoje. Esse pode ser?. Chegou ontem. Eu encomendei ao seu Léo, do bar, da esquina. Relaxa, esquece um pouco o outro. O gordo. Sim, mas tenta disfarçar. Se não vai mancar tudo.
Você reparou? Comprei a cama que você queria. Deu. O rapaz deu um desconto bacana. Obrigado. Um dia te devolvo. É que a situação não muito boa.deve ser essa crise que tão falando. Já te falei que não pego mais trabalho. Deixei essa vida. Sou exclusivamente seu. A não ser, que a senhora não queira mais. Desculpa. Senhora é mais educado. Deixa eles lá. tão ruim na escola? Bota no reforço.
Vem cá. Deixa eu te beijar. Tá bom, eu espero. Sempre do seu jeito. Não precisa passar na cara. Peça nova. Foi pra mim que comprou?. Não sou convencido. Adoro essas coisas. Conheço meu potencial. Deita. Hoje quero diferente. Por favor! Só uma vez. Tá bem, o de sempre. Feijão, arroz e um pouco de lasanha. Tô indo. Tá espetacular. Deve ser o perfume novo. Não quis dizer isso. Floresta negra, flocos, chocolate, prefiro esse. Eu?! Falso?! Não. Agora é a sua vez. Também quero me divertir. Tudo bem, diária dupla.
Pronto. Quer mais?. Se quisesse ainda tinha fôlego. Duvida?! Quer que eu prove? Você me conhece.
Por isso tá tão preocupada? Sim, falei. Tá tudo certo. Passei todo o esquema direitinho. Modelo do carro, hora do final do expediente, trajeto. A foto? mostrei. Fica calma, não sou amador. Claro. Disse que não queria dor. Tá com penonha? Ora, você fala assim! Até parece que não quer se livrar da mala. E os menores? Deixa pra lá o escambau. E Eu? Vou morar com eles não. De jeito nenhum. O que é que tem? Ainda pergunta. Eles já tão crescidos. Coração dos outros é terra que ninguém sabe. Manda eles pra casa da vó. E o apartamento da Beira Mar? Já tá pronto? Não aguento mais esse muquifo. Porque não é você. Essa podridão. Todo dia a mesma coisa. Tá me chamando de vagabundo? Já te falei porque não trabalho. Ora, ele descobriu tudo e queria me matar. Se era eu, melhor que fosse ele. Tava amoladinho. Pegou na garganta, bem no meio.
Certo, Descansa. Fica calma, vai dá tudo certo. Disfarça, não deixa ele notar nada. Tchau. Eu ligo antes do esquema. Vou. Tenho que ajudar. Cara de corno com medo me excita.

Plantão 24 Horas

Bandidos são mortos durante tentativa de assalto ao presidente do grupo Machado. O revolver do que apontava para o empresário falhou e seu comparsa não acertava o alvo. Os policiais trabalham com a possibilidade de pistolagem. Os seguranças do complexo empresarial reagiram atirando nos elementos, deixando ambos baleados. O mais inesperiente ainda foi levado para o hospital, mas morreu no caminho.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Homenagem a Boal

Quando o público, composto por pessoas comuns, tipicamente cotidianas, se viu finalmente como protagonista da fabulosa peça da vida, Deus resolveu ceifar a vida de um dos mais célebres gênios do teatro Brasileiro, responsável por colocar o povo no centro dos palcos.
Há heróis em toda parte, em cada esquina. Heróis, do modismo, da cópia repetida de várias outras versão do inacabado, idolatrado por centenas de intelectuais empiricos. Existem raras pessoas que mesmo diante da descrença do amor à vida, acredita na essência do ser humano. A palavra esperança, tem significado singular na arte do viver.
Então, o que faz de um ser normal feito de carne e osso, um herói? É unicamente o fato da oportunidade que se dá aos humildes de se mostrarem capazes. Individualismo, conceito retrógrado, perdido nas águas do tempo.
Deus, não permite pessoas luzentes se enraizar na terra, edificar-se.
O teatro do oprimido surgiu em meados dos anos 70, momento em que o Brasil passava pela intransigência da ditadura truculenta. Tinha como objetivo a abordagem de temas simples, como o cotidiano. Sua principal inovação era a participação em massa do público, que era pego de surpresa, passando a fazer parte do elenco, fundamental para a continuação do espetáculo. Boal queria mostrar para os diversos públicos que o teatro é composto pela simplicidade e a engenhosidade do talvez, anônimo.
Sua presença sem dúvida fará falta, mas seu trabalho permanecerá como protagonista nos grandes palcos do gira-mundo.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A vingança

A vingança

Socorro, Socorro! Uma multidão de muriçocas assassinas me atacaram ontem, por mais ou menos, a noite inteira, com seus poderosos ferrões, picando todo o meu corpo, sem dispensar até meu rosto. Meu sono, raro e frágil, temia em se aproximar, pois as malvadas faziam todo tipo de ameaça.
Foi então, que meu letargo companheiro das horas lúgubres, as desafiou para um combate direto, cujo prêmio seria meu sangue para ela, ou meu descanso para ele. Nesse momento saí de cena e fui para a cabine de honra, assisti de camarote a ferrenha luta travada por aqueles destemidos princípios de gladiadores.
Eles empunhava suas armaduras calmamente, ao passo que adquiriam concentração; peça por peça era colocada cuidadosamente para não ocorrer erros fatais.
Tudo pronto para a partida, o juiz autoriza para o início, o Flamengo parte em direção ao gol. Fortaleza recua, indefeso.
O companheiro sono solta seu poderoso e fatal sonífero das insônias profundas, tentando no primeiro golpe aniquilar seu oponente[..]a ardilosa muriçoca ranhia, que com sua leveza conseguiu desviar e se safar. Em seguida, preparou um contra-ataque, o zunido garganta de estéricas, capaz de alcançar léguas, e de acordar o soneca dos sete anões, e o lançou na direção do gladiador dos sonos profundos que conseguiu defender com eficácia.
O combate continuava empatado, só o Flamengo fizera um gol com o Ruan de cabeça no canto esquerdo, no alto do ângulo esquerdo, logo o mais baixote do time.
O juiz da luta decidia com seus assessores os destinos da emplacável luta; se deixava pelo embate, ou se haveria mais um roud, e por três votos a um, foram novamente para a campo de batalha.
Uma luz forte e branca surge do lado esquerdo do rinque, minha cama, era Maria Madalena que viera dos céus intervir na 'guerra do sono', e implorar pela paz e o sossego dos seres humanos, dando o direito das sanguessugas de se alimentarem durante o dia o sangue dos desapercebidos
A luz apagou-se, o zunido se foi para o além, a calma retornou.
A chuva lentamente foi chegando com a frieza típica do inverno; o tilintar das gotas nas telhas; e derrepente me vi dormindo feito anjo, que sou. ao longe, muito longe o grito da vitória do flamengo sob o Fortaleza por três a zero.