Quando cheguei da rua, me deparei com o Estado do Maranhão bem dentro da minha casa. Era um mar só. A água havia destruído todos os frágeis e pobres móveis, fruto de muita luta em salas de aulas. Sem ter muito o que fazer, me confortei e resolvi me aproveitar da situação. Fui à despensa e peguei a minha antiga vara de pesca, que a muito tempo não fisgava nada. Naquele momento o rio era só meu, os peixes eram só meus. Então, subi na estante e esperei pacientemente que um peixe fisgasse minha isca de mortadela, o que restava na geladeira para o almoço.
O tempo passava, a água só subia de volume, o que aumentava mais ainda meu desespero, já chegava na parte em que me encontrava. E o danado do peixe nada de aparecer. De vez em quando até sentia um beliscãozinho, eram as piranhas que não me davam sossego. Resisti. Quando a covarde carnívora se apropriava do meu pedaço de mortadela, trocava por um outro menor, para não dá o gosto. Continuei na árdua tarefa da paciência, uma hora dessas o bendito cujo apareceria e salvaria meu rango.
Com a demora desisti de esperar por aquele covarde das águas amazônicas que me serveria de alimento. Foi então que me vi ilhado. Ocorreu-me instantaneamente chamar pela defesa-vizinho, que passara pela mesma situação minutos antes. Não é que o ingrato se recusou a me ajudar, alegando que eu estava à bater pernas na rua enquanto meu casebre inundava. Não discuti, apenas recuei. Resolvi mesmo sem companhia, para dividir o pesado cargo da limpeza e de salguardar o resto dos móveis que flutuavam como bóia de câmara de ar de caminhão. Joguei a vara no canto.
Comecei vagarosamente pela cozinha, que estava um caos. O Fogão atingia a porta dos fundos, e ao vê-lo naquela situação deplorável, senti minha barriga dando sinal de esvaziamento total. Empenhei-me na tarefa, com o intuito de terminar o quanto antes. Esqueci os peixes e o covarde vizinho, quantas vezes não precisara de mim... Enchia um balde por minuto. Mas, meu esforço parecia não ter resultado, pois a chuva não cessava. Vali-me de todos os santos, esqueci o que mandava a chuva, se são Pedro ou se são José, na duvida pedi aos dois. E nada, parecia que eles não me escutavam, ou estavam revoltados como a minha descrença.
Após baldes e mais baldes derramados no ralo da pia, a cozinha estava findada. mostrava novamente seu chão ensebado. Renovei a coragem e fui para o quarto, cuja situação estava a mesma. Terminei em poucos instantes. Passei imediatamente para a sala, o último cômodo. De onde estava só vinha o alto grisalho da cabeça do Bonner dando plantão extra, noticiando enchentes por todo o Brasil, dos desabrigados do Maranhão. Quase pedi para falar da minha situação: "Matuto do sertão central, sem eira nem beira, se encontra inundado dentro de seu próprio casebre". Ficaria famoso com minha desgraça. mas teria meus quinze minutos de fama
Por volta do meu dia, foi que dei fim com a operação 'Salvar-me a mim mesmo'. O corpo doía junta por junta, nunca me esforcei tanto. Mas valeu a pena, sentia-me um bombeiro aposentado.
Resolvido o problema da enchente caseira, vi-me sem nada para matar àquela que me devorava roendo tudo por dentro. O sofrido dinheiro ganho com aulas insuportáveis de burroguês, acabara ainda na semana do pagamento. O rio não estava para peixe.
Lembrei de guardar a vara que ficara jogada no chão da sala. O anzol seria uma ameaça de captura para mim mesmo, que não sou peixe, como o Romário. Peguei a danada e a puxei. Estava presa atrás do sofá. Empurrei-o para desprender e arrancar a linha. Quando finalmente consegui trazer o anzol, vi surpreendentemente um peixe fisgado pela isca, um enorme tucunaré de papo amarelo. Nem pude acreditar naquela visão, pensei que fosse fruto da minha fome. Agradeci a todos os santos, em especial a dupla infalível, são Pedro e são José, o Batmam e o Robim, das horas difícies
É parece que até os poetas foram atingidos com as enchentes. Uma forma de se combater a destruição com arte. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirvoce escreve tudo o que voce sonha ou voce inventa por que o que eu li agora e pura mulecagem da sua cabeça mas o texto e legal
ResponderExcluirremulo voce tem msn e eu ja to recomendando para meus amigos
ResponderExcluirha na proxima aula eu quero fazer meu blogger
ResponderExcluire se voce fizer alguma coisa ruin nesse texto voce vai ver o que ue vou fazer
esse anonimo evoce quem escreve ne
assinadoo seu novo melhor leitor mauro e tmbem seu melhor aluno ne ?
foi mau pelos erros e que eu to com pressa
ResponderExcluirEu tambem to passando por isso na R.U, mais tu merece.
ResponderExcluir