Hoje, acordei no meio da noite assustado com o sonho que tive e com medo de que o mesmo viesse invadir minha pobre realidade debilitada pelos percalços da rotina, que não são poucos, só conhecendo-os para entende-los. Então vamos ao sucedido.
Durante todo o dia que se passou, só escutava ou mesmo via, notícia, que não fosse sobre a modernização pela qual a tv passava, melhorando de qualidade a imagem e ganhando no quesito interatividade. Esses horrores de nomenclatura para a antiga caixão de visão me deixaram nervoso e confunso. - "-Será que ela vai entrar para a família? ou - Será que ela vai ter filhos? questões dessa natureza martelava na minha cabeça chata de matuto, que até então só conhecia o tubo de imagem 14". Dava no noticiário que a partir dessa inovação se podia comprar a roupa da atriz ou do ator, conforme a preferência, com uma simples apertadinha. Meu Deus, já imaginou meu vizinho querendo uma calça igual a minha? Vai de imediato ao Shopping-sala e arranca de minhas pernas as vestes sacerdotais que sempre me acompanham. E se a casa estiver com visitas, que não faltam? Olha a situação que esse povo me meteu!
Mas, no meu sonho a coisa era ainda pior, o que até pouco tempo foi móvel de sala, agora ela se transformava em um imenso monstro devorador de crânios humanos, cujas vítimas eram preferencialmente universitários. O abominável ser atacava na calada da noite, em lugares desertos e sem a presença da luz. Esperava o fim das aulas noturnas e surpreendia os desatentos estudantes. Ele possuia uma enorme boca repleta de dentes afiados, e com apenas bocada, arrancava as cabeças dos transeuntes.
Como diz o ditado, tudo que começça tem um fim. A terrível criatura passou a atacar os alunos de uma outra faculdade, da mesma cidade, com a mesma artimanha. Estes últimos eram mais atraentes e deliciosos. Andavam melhor vestidos, alguns até tinham carro, outros motos. Mas, não se livravam da ação esmagadora do bichano.
Com o tempo, percebia-se que, aos poucos o monstrengo diminuia de tamanho, talvez fosse a idade, ficando corcundo, reduzido. Suas forças era cada dia menor, perceptivelmente, pois algumas vítimas conseguiam escapar. Suas garras e seus dentes perderam seu aspecto devorador. Até que uma noite dessas, um garotinho brincando pelos arredores de casa, encontrou um aparelho velho de tv jogado próximo a uma montanha de lixa. Curioso, ela estava ligada. Passava o jornal da noite, que anunciava s seguinte matéria:
"Pesquisa realizada por estudantes da capital, mostra o baixo nível de aprendizado em faculdades particulares do interior. Ela ainda mostrava que os alunos possuíam pouca capacidade intelectual".
Levantei num salto, preocupado com a minha velha tv japonesa. Fui direto saber como ela estava. Graças ao divino, tudo estava no seu devido lugar. Mas, para me certificar, liguei a incansável companheira das horas vazias, normal. Excerto a enorme barriga do velho gordo. Tomei um remédio tranquilizante e voltei para cama. Dormi feito um anjinho, que sou.
Surreal, mas é de fazer medo o avanço desses troços. Parecem que querem diminuirem nossa capacidade intelectual.
ResponderExcluirPoeta é feito de vosão clínica do cotidiano, continue assim, e chegarás longe. Belo texto.
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