segunda-feira, 22 de junho de 2009

Piolhos

Ora, nobre leitor, estou furioso com essa malta urbana, seus hábitos e seus moradores, que inventam a todo instante um troço novo para nos tirar a paciência.

Você é capaz de me dizer onde estão as moedas do nosso país? Não, claro que você não sabe. Faz um século que não a vimos pelos nossos bolsos. A não ser que precisemos dos serviços prestados por moto taxi. Pois, aí está. Elas moram lá, com residência fixa, nos bolsos dos coletes destes leva e traz de passageiros. Eles possuem aos montes.

Minha ira começou quando precisei de uma mísera moeda de cinco centavos para interar o leite do menino, e acredite, não encontrei em parte nenhuma da casa. Fui ao vizinho, pedi-lhe um empréstimo a juros compostos, mas o colega do lado também não tinha. Sem saída, empenhei a cela do jegue ao leiteiro. Agora está sem poltrona, minha poderosa máquina .

Sem meu jumentinho, fui obrigado a recorrer a um moto taxi, e na hora de pagar o rapaz, ele saca do bolso uma sacola de moedas, de todos os valores. Instantaneamente atirei-lhe uma série de desaforos. O coitado sem entender, não respondia nada. Peguei meu troco e fui direto saldar a dívidir com o leiteiro, e resgatar minha cela. Durante o caminho, senti minha cabeça coçar, passei os dedos para aliviar a pertubação. Mas, nada fazia diminuir a agoniação. Cheguei em casa com a cabeça ardendo de tanto esfregar. Implurei para minha esposa ver o que tinha na cabeça. Escutei seu grito alarmante: PIOLHO, PIOLHOS. Nobre leitor, fui contaminado por uma multidão de piolhos famintos, que sugavam meu sangue pouco e fraco, advindo do capacete do desgraçado moto taxi. Aquilo me deu uma raiva. Joguei toda espécie de praga que conhecia no motoqueiro.

Hoje, ao meio dia, escutei do rádio uma notícia que avisava o fim do uso do capacete no perímetro urbano.

Bem que essa medida podia ter acontecido antes de eu ter sido infectado. No mesmo momento fiquei indeciso, quanto a obrigação do uso para transportes de quatro patas. Teria que deixar de usar meu chapéu de couro ao desfilar pelas ruas da cidade com meu lazarino?

Volto a andar a pé, com minha chinela de pneu e pronto. Quero ver quem vai me multar.

Ademais, até logo, e volta já.

2 comentários:

  1. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Isso aconteceu com você, tenho certeza, sei o quanto tem pouca sorte com essas coisas.
    Ecreve se sim ou não.
    Beijo, meu poeta.

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  2. muiuto interessante, um desabafo bastante emocional e , característica de uma escritora que eu sei que você adora....

    gostei muito, mas como eu conhço você, algo me ficou na cabeça (que não foram PIOLHOS, PIOLHOS...) ISSO ACONTECEU COM VOCÊ?

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