terça-feira, 2 de junho de 2009

Carnaval

O carnaval está chegando. A alegria também. O povo todo vai para a rua, o bloco vai passar e arrastar a multidão. Os rapazes solteiros vão à procura de columbinas também sem ninguém. É a festa mais popular do mundo, mais democrática. E todos estão convidados à participar, sem recusas.

Minha fantasia está no varal a cotejar, na expectativa da passagem do arrastão. Meus sacos de gomas já foram comprados na butega da esquina da minha rua. Minha namorada já mandei ir embora, pois no carnaval ninguém é de ninguém. Irei sem lenço nem documento para a rua do Matacavalos, saudar o poeta marginal, e cortejar a vizinha.

A turma toda está se preparando para o carnaval. Mas eu irei sozinho, sem ninguém, acompanhado unicamente de minha irresponsabilidade. É carnaval, vale tudo para ser feliz.

O frevo está tocando, a garota pula sua coreografia e desce a ladeira com a sombrinha. Fico imaginando meu tempo de criança através daquele fervilhão de cores. Cores que claream nosso dia a dia.

As ruas vão se povoando de alegria. O riso fica fácil. As portas dos bares vão sendo baixadas e seus donos rumam para suas casas trocar de roupa e ver o bloco.

Pena que o bloco não espera por ninguém. Quem dormir ou estiver num canto escuro a namorar, vai deixar de ver e acompanhar.

Eu, por nado perco a descida do bloco. Ainda era manhã e já estava na concentração para a aparição.

Mas, na vida tudo tem um fim. E com o carnaval, não é diferente. Ele também acaba. Na quarta-feira de cinzas, tudo está de novo em seu devido lugar. A ordem é restabelecida. Inclusive a monotonia, a repetição do cotidiano.

A vida perde o ar frívolo, que não deveria deixar de existir. Assim, haveria menos depressão. Seríamos mais humanos. Findado o Carnaval, voltei, agora é pra ficar.

Procurei minha namorada. Reatamos o namoro. A vida.

Tudo de novo.

O próximo vai chegar. Já estou esperando. E quando acontecer, largo novamente o laço, e torço para não ser largado.

Um comentário:

  1. Realmente ninguém é de ninguém; o bom da festa é ir solteira e voltar com mil namorados.
    Brincadeira poeta, não pense isso de mim.

    Abraço.

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