Zaca, Zeca e Zuca, são amigos de muito tempo. Várias pedras surgiram pelo caminho da união, mas todas retiradas a tempo de se conservar o laço que os uniam. Era comum os três se reunirem no bar da esquina para jogar conversa em copos de cerveja. Falavam sobre os mais variados assuntos, possíveis ou imagináveis. O limite da razão e do bom senso era estabelecido por Zuca, o único dentre eles que não se atrevia em colocar o líquido embreagador na boca, preferia um copo de leite frio e sem açũcar.
Eis o trecho de uma dessas prosaicas discussões filosóficas:
_ Baxim, traz uma gelada no capricho aqui pra nós.
_ Vão querer o quê pra tirar o gosto?
_ Tem queijo?
_ tem.
_ Foi no filme Bily the Kid que o companheiro do machão pedia um copo de leite? [Zaca]
_ Não, acho que foi em algum episódio do pica-pau. [Zeca]
_ Isso não importa, leite ou cerveja tudo é bebido do mesmo copo. [Zuca]
(Muda-se de assunto)
_ A moto velocidade é transmitida aos domigos, é? [Zeca para Zaca]
_ Acho que sim. [Zaca]
_ O Valentino tá na frente do campeonato? [Zeca]
_ Sim, ele e o companheiro de equipe tão pegando.[Zaca]
(Muda-se de assunto)
_ Acho que todo mundo é doido. [Zuca do nada tece esse comentário]
_ Como assim? [Zaca sem entender]
_ Eu quero disser que todos tem potencialidades para desenvolver algum tipo de loucura. [Zuca]
_ O que te faz pensar assim? [Zaca]
_ Li um conto em que uma mulher estava com o carro quebrado e pedia carona na estrada, pegou um ônibus que transportava senhoras insanas. Ela, a primeira, do carro quebrado, [ sim, eu sei (Zeca)], entrou e pediu que a levasse até um lugar onde tivesse um telefone. [Zuca]
_ E, aí? [Zaca]
_ E aí, que a levaram para um hospício com a alegação de que ela tinha obsessão por telefone. [Zuca]
_ É, pode ser, logo que a tarifa não esteja tão cara. [Zeca, risos]
(muda-se de assunto)
Como toda boa conversa entre ébrios filósofos, não poderia deixar de se falar em mulheres, de todos os modelos: bonita, feia; baixa, alta; gorda, magra,enfim, todos os arquétipos femininos, não deixando de fora nem a mulher de um dos amigos faltosos, ainda mais se esta tiver ancas largas, quadril fino como um violino, barriga de tanquinho, pernas bem torneadas e o resto do corpo em perfeito estado.
(Conversa retomada)
_ Você viu como chegou a Maria 01? [Zeca]
_ Ela já voltou? Não se deu com o trabalho? [Zaca]
_ Eu vi. Voltou um belezura que dá gosto. [Zuca]
_ E a Maria 02, mulher do Otário 01, ela chegou pra mim e disse: - Zeca, você pode trocar o meu óleo? e eu respondi: - será um prazer. ela novamente, - quanto custa a troca completa? - pra senhora, nada.
_ Vê se pode uma coisa dessas. Depois é o cara que é pra frente, e se o sujeito não pega, leva nome de frouxo. [Zaca]
_ Pena que eu não sei consertar motos. [Zuca]
(Encerra-se o assunto)
A conversa esfria com a chegada de outros frequentadores do bar. Tentaram reatar a prosa através de gestos e trejeitos, mas sem o mesmo resultado. Deram por encerrada a reunião solene daquela noite e seguiram cada um para seu lado.
eu entendi que as vezes colegas se desentendem mas com uma boa historia acabam se entendendo
ResponderExcluirpara falar a verdade e um dos que eu mais gostei
ResponderExcluirEita Remulo essa relação intertextual com o conto Só vim telefonar, foi uma boa, só um maluco como você observaria isso filosoficamente em seus personagens.
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